22 abril 2006

* ROMANCE POLÍTICO: DOM CAMALEÃO DE ÓIS DA RIBEIRA - PARTE I

Passado o festivo período da Páscoa, lembrei-me ficcionar um pouco, promovendo a ressurreição de Don Camaleão sob a forma de... Don Camaleão. Tratando-se de uma ficção, todas as personagens são fruto da imaginação e qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência. Como o romance é longo, irá sendo apresentado sob a forma de episódios. Até quando calhar.
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Don Camaleão mexe-se, ou faz por parecer que se mexe nos corredores do poder, e teceu as teias da sua virtual influência fabricando supostas cumplicidades - que faz passar como verdades. E não são, na maior parte das vezes. Ao longo do seu tempo de poder, soube sempre ter a arte de fazer crer que é pessoa de bem, influente e poderosa. É mentira.

Tem a singular esperteza de se insinuar próximo do poder e ter afinidades muito particulares com os holofotes da política. Como os políticos e muita gente faz, é capaz de vender a alma ao diabo, embora conviva com Cristo e os seus apóstolos de agora. A alma, tanto está à venda, como á troca, desde que convenha.
Don Camaleão preferiu perder o poder do dinheiro ao poder dos votos, embora saiba que é aquele que compra o segundo. É o dinheiro que compra e decide para quem são os votos.
O Don Camaleão é, por definição, o padrinho da família política e protege os interesses da família política, humilha-se aos padrinhos de outras famílias - embora faça crer o contrário.
Don Camaleão teceu o seu insinuado poder ao longo de anos, mas é invisível e ineficaz.
Faz crer mas não é verdade que nada se faça sem que ele saiba, que ninguém é nomeado sem que ele acene com a cabeça. Os governantes de Lisboa não o conhecem mas ele diz que são seus amigos e estão ao alcance do seu telelé.
Os primeiros-ministros ignoram a boçal figura, os ministros são demitidos, os secretários de estado vão caindo, os directores-gerais são derrubados, os presidentes de Câmara mudam, mudam os governadores civis, mas o Don Camaleão, o padrinho, limita-se a esperar que partam, ou a ajudá-los na partida. Para que ele continue no seu "poder" .
Ninguém acusa Don Camaleão e por isso ele continua a conspirar e a mentir.
(continua)

8 comentários:

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