26 março 2012

||| TRABALHAR GRATUITAMENTE E À BORLA...

O Contra não resiste à narrativa evocativa de um domingo de verão na Feira de Março, entre farturas, bifanas e carrosséis, coisa que não lhe acontecia vai para anos e onde a casualidade deu para engendrar ironias.
Assim, respaldado em cadeira de plástico e com o cheiro da broa com chouriço e das farturas a endrominar o meio ambiente, a mais com o barulho brutal da feira, o Contra deu-se de ouvidos feitos para uma conversa de ribeirenses, a traulitar sobre a assembleia geral da instituição. 
Não deram pelo Contra, que estava de costas e em mesa com gente da cidade, pelo que se ouviu tudo, com as orelhas que a terra há-de comer. E começa o Contra, nesta confissão de rua que é o blogue, por não resistir - é assim mesmo, não resistir... -, a partilhar convosco uma perplexidade: os senhores dirigentes trabalham «gratuitamente e à borla».
Ora isso não se faz, é injusto, deviam ser pagos com ordenado equivalente a ministro. Ou, vamos lá, ao menos a secretário de Estado, com direito a viatura, motoristas e cartão de crédito, viagens aéreas em 1ª. classe, secretárias, chefe de gabinete, subsídio de residência, de alimentação e deslocação, telemóvel, ipod, ipad, iphone, pc pessoal e as mordomias a que se tem direito, para além de antecipação de reforma. Pelo menos três aninhos de antecipação, por cada um de mandato.
A conversa dos empertigados ribeirenses estava a dar para a paródia, assim parecia (tal era tom irónico usado para com as fidalgas figuras) e o Contra até pensou, por momentos, que, afinal, a rapaziada e suas consortes estavam era a gozar com a história, quando um deles se deu a cuidados de explicar, tim-tim-por-tim, que não senhor, por quem és, foi mesmo assim que foi dito, tal e qual, era o que faltava, vê lá tu uma coisa destas, agora a modos que a mandarem o barro à parede, para serem remunerados, pode lá ser!...
O Contra, que já confessou perplexidade, perplexo fica por se verificar que a magna assembleia não trata de tão melindroso caso. 
Em fim de conversa, o que se lamenta é que ande gente a trabalhar «gratuitamente e à borla». Não é justo, alterem lá a constituição, ninguém pode andar nestas coisas de graça e a seco. Gratuitamente e à borla é que nunca! Fáxafor...

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