07 março 2007

||| A TELEVISÃO FAZ HOJE 50 ANOS

A televisão faz hoje meio século em Portugal.
Lembro-me daquela caixa de madeira escura e polida que depois de largos segundos a aquecer as “válvulas” se acendia numa brilhante paleta de tons cinzentos, até vermos um ou dois “cartoons” do Pica-pau, do Super Rato, ou, com sorte, do Perna Longa.
Uns anos mais tarde, lembro-me bem da sensação de ir à mercearia do Albertino durante a hora da novela, e ouvir ao longo da rua do Cabo o genérico da Gabriela ecoando unânime e plurifónico, saindo de cada casa, de cada janela, a voz de Gal Costa: Eu nasci assim…
Recordo também as emoções das noites eleitorais, que significavam uma "directa" autorizada e garantida com direito a ceia madrugadora. Fantásticas e tensas noites longas em que se jogava o futuro da nação com os votos e as freguesias em crescendo nos placards magnéticos.
Hoje, na era dos computadores individuais e dos canais temáticos, dificilmente a família se junta toda espontaneamente em frente ao ecrã. A única televisão lá de casa, um elegante aparelho espetado na parede da sala, perde influência real. Só a mais pequena com os seus “canais animados” se lhe mantém fiel. De resto, os computadores com os YouTubes e Chats da vida, remetem os miúdos para os seus recantos isolados, para os seus mundos e fascínios.
Desconfio que a televisão que hoje festejamos, além de ser outra, está a acabar. No futuro, será o “audiovisual interactivo”, qualquer coisa parecida com uma mistura de YouTubes, Blogues e Chats que veremos num ecrã individual. Cada vez mais personalizado, particular e… egocêntrico. Veremos.

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