A gente vê a televisão, ouve as rádios e ve a televisão e parece que de repente toda a gente acordou para o escândalo das relações promíscuas entre dirigentes desportivos, federativos, árbitros e políticos locais, sempre com algumas meninas à mistura.
A verdade é que aquilo que foi divulgado no livro de uma ex-namorada do presidente de um grande clube é conversa de bastidores, de café ou à mesa há muito tempo. Ninguém ficou particularmente surpreendido. O que faz do livro uma sensação é a assumpção de responsabilidades e o dedo acusatório de quem viveu tudo por dentro. De repente, e depois do lançamento do livro, toda a gente quer apertar a malha, dizer que quer criar leis anti-corrupção desportiva e até utilizar o grupo de trabalho de João Cravinho e de José Vera Jardim para o efeito. Este grupo, criado no Parlamento há dois meses para lançar uma série de legislação anti-corrupção, tinha praticamente deixado o desporto, e o futebol em particular, de fora das suas preocupações mais imediatas. Agora é o próprio Cravinho, de certo bem intencionado, a fazer pressão para que o grupo venha a abarcar propostas naquela matéria. Já o PSD aparece de rompante na cena, como agente moralizador.
Se é para mudar alguma coisa, que os partidos e o próprio Governo se envolvam num debate sério sobre o que há para fazer. Mas também que garantam à Justiça todos os meios e a independência necessária para chegar a conclusões sérias em processos como o 'Apito Dourado'. Perante aquelas revelações, é tempo de tentar retirar louros a quem não os teve desportivamente e de pugnar pela verdade no futebol. Para que não prescreva.
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