Não é por ser Natal, mas porque o momento consumista é muito maior, tenho andado a pensar nos empregados dos supermercados das grandes superfícies. Imagino-os, antes do fecho diário, com um carrinho, a pôr nos seus lugares centenas de produtos que a clientela vai abandonando negligente e compulsivamente aqui e acolá.
O que levará alguém a abandonar embalagens de carne na secção dos cereais, sabonetes junto aos congelados ou casacos de criança no corredor dos doces? Que força oculta impele a clientela a deixar prateleiras caóticas? O produto lá do fundo é melhor? Que razões impede aquela gente a não apanhar do chão o que deixam cair?
Possivelmente, haverá em tudo isto alguma mesquinha vingança (eu pago, tu arrumas...), uma arrogância mal educada por tudo o que seja alheio às paredes das assoalhadas onde vivem, o sabor da impunidade (ninguém nos está a ver...) ou a preguiça não assumida? Vendo bem, nem é preciso ir tão longe. Basta sair à rua e está lá isto tudo.
Ontem, no corredor dos detergentes, uma conterrânea das que botam cartola em dias de festa, deixou aberta uma embalagem de amaciador da roupa que lhe caiu do carrinho. Olhou, não viu ninguém e voltou a pô-la na prateleira.
E é quem?!
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