No domínio dos valores, não devemos ser relativistas. A vida humana é um valor absoluto: sou radicalmente contra a pena de morte.
A sentença capital decretada ao ex-ditador iraquiano Saddam Hussein - por mais execrável que tenha sido o seu regime e por maior "canalha" que ele próprio fosse no exercício do seu poder despótico - fere os mais elementares princípios civilizacionais, tornando os seus juízes e algozes numa espécie de equivalente moral do antigo tirano. Nenhum dos crimes cometidos por Saddam, por mais repugnantes que tenham sido, poderá ser reparado com a sua execução, ditada pela "justiça dos vencedores", neste caso equivalente a pura vingança, mesmo que camuflada pela necessária respeitabilidade de um tribunal.
Não devemos ser magnânimos com os ditadores, mas devemos ainda menos imitá-los nos instintos carniceiros. O respeito por uma vida humana, seja ela qual for, deve funcionar sempre como linha divisória entre a civilização e a barbárie. E não me venham dizer que tudo isto é relativo. Porque não é.
E a propósito, o que tem isto a ver com a interrupção voluntária de gravidez. Temos pena de um ditador-assassino e não temos opinião sobre um ser vivo?! Sim ou não?
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