Vejo notícias na net que destacam o concurso da RTP, do melhor português de sempre. O foco dos dez eleitos finais centra-se em duas das mais marcantes personalidades do século XX: Salazar e Cunhal.
Depois de consultada a lista, percebe-se, como se previa, com grande facilidade o porquê da presença dos dois na "disputa" final. Organizados, os adeptos de um e de outro, lá se agarraram ao telemóvel, enviando SMS e ontem tomaram conhecimento do sucesso da sua disciplina.Por exemplo, não identifico a mesma organização disciplinada por parte dos votantes em Pessoa ou Camões. Surpreendeu-me a presença do Marquês de Pombal. Há portugueses que reconhecem o mérito da obra do Conde de Oeiras. E, sinceramente, D. João II, sem nome em praça principal ou estátua imponente no país, nem emprestando nome a instituto ou fundação, é surpresa maior, dadas as suas referências mediáticas serem parcas. Pelos vistos, ainda é tido como um dos melhores Reis deste país. Ou não fosse ele o estratego da edificação do Império.
O embaixador lusitano em Bordéus deve ter ganho maior protagonismo, depois do debate organizado pela RTP sobre o programa em causa no Palácio de Queluz, há umas semanas, quando houve interpretações distintas quanto ao seu papel na II Guerra Mundial. Já Vasco da Gama tem mais nome, ponte, e muito mais presença mediática do que, por exemplo, o Bartolomeu que dobrou, primeiro, as Tormentas ou o Cabral que descobriu, ou segundo os novos conceitos, «achou» Vera Cruz.
Obviamente, quanto às duas pessoas do século XX presentes no top 10, são grandes vultos nacionais. Quem disser o contrário, de duas uma, ou não conhece nada da História de Portugal ou age e interpreta de má fé. Porém, nenhum dos dois teria condições de entrar na galeria dos empreendedores nacionais. Um atrasou o país. O outro queria um modelo atrasado para o país. Não me admiro, no entanto, de ver uma das duas pessoas do passado século, senão mesmo os dois, no palco dos três primeiros. Os sinais de algum atraso ainda continuam patentes no país, e há, ainda, quem os queira. É a vida!
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