
Anos depois, uma alma caridosa resolveu inventar uma forma menos violenta de estragar o jantar e o famoso óleo passou a ser comercializado em cápsulas. O óleo de fígado de bacalhau, em colher, tomava-se (lembro-me dissO e ainda tremo de medo...) de mão no nariz a suster a respiração e com imediata ingestão de três ou quatro colheradas de sopa. Puxa!...
Recordo pensar que aquilo era um truque maquiavélico da minha mãe, para que se não resmungasse com o creme de couve-flor e das pratadas de grelos com bacalhau. Eu não gostava de grelos, eram azedos...
Lembro-me do frasco da tal mezinha em cima do frigorífico a lembrar que o assalto que lhe fizéssemos (ao frigorífico) teria à noite vingança com cheiro pútrido e sabor pestilento. A malfeitoria estendia-se do Outono até ao Natal.
Tantos anos depois e já com a recordação do odor apagada, o que vem à memória são as promessas dos políticos em alturas eleitorais, tão dispensáveis e incumpridas como tão odioso era o tão detestável remédio que nos diziam que nos evitava males maiores. E que se evoca agora para justificar outros raquitismos que se preparam. Isto é: mais uma mão cheia de promessas eleitorais de há um ano, há precisamente um ano, que vão ficar no tinteiro!
E quem lhes enfiasse óleo de figado de bacalhau por aquele sítio acima!