20 fevereiro 2008

||| O NOSSO TEMPO E OS NOSSOS OSSOS!!!...


Há conversas que aborrecem solenemente, como aquela do «no meu tempo...». Chateia o paternalismo enternecedor de quem já viveu mais tempo que nós e que, por isso, acha que sabe infinitamente mais do que nós.
Para já há aqui um equívoco temporal e existencial: aparentemente acham que estão noutro tempo que não o nosso. O que me parece preocupante. Afinal o que é isso do «tempo deles»? Mas o que me chateia mais é a interpretação que fazem daquele que convencionaram ser «o seu tempo»: no seu tempo era tudo mais difícil, o que os torna nuns heroizinhos noutro tempo que não o deles; no seu tempo, os jovens eram mais cultos e interventivos; os políticos mais idealistas e menos corruptos; os funcionários públicos mais trabalhadores; os professores mais severos e eficazes; os pais mais responsáveis; as crianças menos gordas; os impostos mais baixos; o clima mais ameno; o buraco do ozono menor; o custo de vida mais acessível; o poder de compra mais elevado; era tudo melhor!
Ora isto aborrece-me. Principalmente porque «no meu tempo» eu esperava que estes tipos que invocam a torto e a direito «o seu tempo» tivessem feito algo de mais útil para tornar «o nosso tempo» numa coisa aprazível e divertida. Que é o que me proponho fazer até ao fim do «meu tempo». Sobra-me é esta dúvida: serei capaz, em tempo útil?

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