21 novembro 2006

||| O CLÁSSICO DESENRASCANÇO DOS RIBEIRENSES PARA AS CLÁSSICAS COMPLICAÇÕES DO DIA-A-DIA


Os ribeirenses, como a generalidade dos portugueses, dividem-se em dois géneros básicos: os enrascados e os desenrascados. Os primeiros dependem dos segundos, e os segundos dependem dos primeiros. É um ciclo vicioso (e viciado) que tem a sua inspiração, provavelmente, em Karl Marx.
Os desenrascados têm como função, ao contrário do que o nome sugere, enrascar os enrascados. Quando o conseguem, podem então fazer jus à sua característica predominante e então desenrascá-los. É ridículo, é La Palisiano, mas é verdade. Maquiavel era capaz de se baralhar no meio deste processo todo: aquela sua velha questão (ou postulado) onde os meios justificam os fins, adquire um carácter meio esquizofrénico em Óis da Ribeira - quem diz Óis, diz no país. É que para um desenrascado, os meios são mesmo os fins. Enrascar é uma garantia de que vai ser necessário, a qualquer momento, mais tarde ou mais cedo, desenrascar. Desenrascar, aqui, significa resolver um problema que não existiria se não tivéssemos pensado em qualquer coisa que nos pudesse enrascar.
O problema é que este comportamento se repete nas mínimas coisas. Ser ribeirense é andar à rasca e à espera que alguém o desenrasque. Há aqui uma espécie de demissão de responsabilidade a favor de alguém que ainda é mais irresponsável que nós. Fantástico, não é?
E acabei agora mesmo de desenrascar o post de hoje. Amanhã vou-me enrascar para escrever o próximo. Mas já sabem: podem sempre contar comigo para desenrascar.

1 comentário:

d´OIS POR DOIS disse...

Gand´enrascanço, ó meu...
A malta desenrasca-se sempre bem, também evitam de se andar a xatear.