A gente ouve, ouve e... a procissão da crise tem todo o aspecto de ainda ir a meio do adro. Ouvimos economistas, financeiros, comentadores e políticos e nenhum deles nos dá uma explicação cabal, um rumo ou uma ponta de ânimo. Uns justificam a desorientação ou tentam disfarçar porque andaram, na véspera da crise, a dormir na forma. Outros erguem o cartaz do Santo Estado. Os neo-liberais assobiam para o lado. Os anti-liberais, exorbitam no entusiasmo sádico, sobretudo os fanáticos pelas revoluções perdidas, falhadas e adiadas que desenterram Marx e tentam impingir Lenine, passeando-se como jagudis do banquete necrófilo do fim do capitalismo. Todos puxam brasas, nenhum assa a sardinha.
Se estamos fartos da crise, sabendo que a ela nos temos de adaptar mas não sabendo como, mais fartos estamos da maioria dos comentadores da crise. Um banqueiro devia ser o último a falar de crise bancária. Um economista devia ter pudor em analisar a profunda desvalorização da economia real face à prevalência do capital financeiro. Um financeiro devia calar-se pelo descalabro das suas recentemente consagradas obras de engenharia. Um político devia, em primeiro lugar, fazer mea culpa pela perda voluntária e voluntarista do primado da subordinação do económico ao político. Os revolucionários deviam saber que a memória dos povos ainda não esqueceu a propensão para as atrocidades utópicas apresentadas como soluções messiânicas para os males do mundo.
O que resta, então? Talvez uma ou outra voz lúcida que diga qualquer coisa de inteligível e coerente neste deserto desorientado que não mostra nem saída de emergência nem escada de serviço. Mas que não seja banqueiro, economista, financista, político ou revolucionário.
Se estamos fartos da crise, sabendo que a ela nos temos de adaptar mas não sabendo como, mais fartos estamos da maioria dos comentadores da crise. Um banqueiro devia ser o último a falar de crise bancária. Um economista devia ter pudor em analisar a profunda desvalorização da economia real face à prevalência do capital financeiro. Um financeiro devia calar-se pelo descalabro das suas recentemente consagradas obras de engenharia. Um político devia, em primeiro lugar, fazer mea culpa pela perda voluntária e voluntarista do primado da subordinação do económico ao político. Os revolucionários deviam saber que a memória dos povos ainda não esqueceu a propensão para as atrocidades utópicas apresentadas como soluções messiânicas para os males do mundo.
O que resta, então? Talvez uma ou outra voz lúcida que diga qualquer coisa de inteligível e coerente neste deserto desorientado que não mostra nem saída de emergência nem escada de serviço. Mas que não seja banqueiro, economista, financista, político ou revolucionário.
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