A malta, quando deixa de ter idade para gostar de bonecas ou bolas de futebol, começa a receber, todos os natais, livros, canetas com o nosso nome e muitas felicidades, panos de loiça, toalhas bordadas e peças de cristal. Avós, tias, madrinha e amigas da mãe e companheiros do pai, o mano/a mais velho/a e o/a amigo/a da escola, toda a gente achava que lá porque se estava na adolescência tinha que começar a pensar no meu enxoval.
O meu quê? Que caretice, pensava. E, com a minha melhor cara de frete, lá desembrulhava mais um conjunto de lençóis, agradecia a meia dúzia de chávenas de chá, sorria amarelo perante o cinzeiro de estanho. Muitas dessas prendas iam directamente para o armário de “regifts” da minha mãe. Ela que se encarregasse de os distribuir. Outras coisas iam para uma arca, a arca do meu enxoval, que se foi enchendo, sem eu saber muito bem com o quê. Nunca liguei nenhuma. Mas ligo agora!
É que, entre as coisas do enxoval e as heranças recentes, nunca tive que comprar um toalhão de banho ou uns lençóis para a cama, nunca comprei um pano de loiça, uma tolha de mesa ou um edredão. Dão-me jeito os cobertores e o trém de cozinha, ofertas da minha avó. Uso cá em casa e todos os dias um serviço de verdadeira loiça inglesa, do mais antiquado que há mas que é um luxo, vindo dos armários da minha adolescência e ainda tenho por estrear um serviço inteiro de loiça para o dia em que der uma festa à séria, com pratos e pratinhos, terrina, molheira e bule a condizer, que foi prenda de casamento escolhida pela minha mãe. Claro que é tudo um bocado fora de moda. Mas como está fora de moda, é moda!!
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