15 outubro 2008

||| TEMOS DE FALAR!...


Já todos, por mais de uma vez, ouvimos e usámos expressão «temos de falar...». Mas quem é que no seu perfeito juízo ouve esta frase e ainda se dá realmente ao trabalho de ter uma conversa?
Esta frase, só por si, não é suficientemente elucidativa? Não se sabe já o que é que de lá vem? Alguém tem conhecimento, na história dos relacionamentos, de algum "temos de falar" que tenha acabado bem? Não se iludam. A um "temos de falar" muito dificilmente se seguirá um "descobri que és a mulher da minha vida" ou um "junta a tua escova de dentes à minha". Ninguém cria tanto suspense para anunciar uma coisa boa. As coisas boas dizem-se, e pronto, já está. Até se dizem de repente, sem qualquer indicação prévia, que é para o efeito surpresa ser maior. Um "temos de falar" costuma ser dito via telefone, que é para depois uma pessoa ficar ali em sofrimento e em ânsias, a remoer até que chegue o dia da conversa, ai, o que é que ele/a me vai dizer, ai, o que é que eu fiz, ai, que é agora. E depois, já se sabe, leva-se com um "as coisas não estão a resultar... o problema não és tu, sou eu. Quer dizer, bem vistas as coisas o problema és tu, que estás gorda que nem um cachalote".
Eu acho que se facilitava a vida a toda a gente se ao "temos de falar" se juntasse um "pronto, então muita saudinha e até qualquer dia". "Temos de falar. Pronto, então muita saudinha e até qualquer dia".

Sem comentários: