Hoje, nas limpezas de fim de semana, que são mais de mês a mês, encontrei numa das cómodas, uma fotografia do casamento da minha avó. Lá estava ela, magra, direita, saltos BAIXOS, o cabelo negro a cair-lhe nos ombros.
Nunca a conheci assim. Para a mim a minha avó era baixa, cada vez mais baixa à medida que o tempo passava, baixa, redonda, sem cintura, o cabelo cinzento muito ralo. Uma bata por cima da saia e da blusa. Uma bkusa sempre preta!
Os dedos dos pés todos encavalitados. A coluna dorida, entortada por causa das horas passadas no tanque ou debruçada sobre as costuras. Muita gente dizia-me que eu era parecida com a minha avó. Nos olhos, no riso, nas covas da cara, na alegria. Nada me parece mais estranho. Não me lembro da minha avó alegre. Havia momentos em que estava feliz e chorava, porque chorava sempre quando estava feliz. Mas não era uma pessoa alegre.
A minha avó, que antes de ser avó era mãe, abdicou da sua vida e da sua casa para que a sua filha pudesse ter uma vida o mais normal possível. Morava connosco e era ela que tomava conta da nossa casa e que cuidava de nós. Era (como me envergonho de o dizer) uma espécie de nossa criada. Com a diferença que nos amava demais e que era a nossa avó. Uma avó tão especial, tão importante, tão única que nunca a tratávamos pelo seu nome. Era a avó!!!!
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