30 junho 2008

||| OS PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS!




Hoje à tarde, saía eu de um parque de estacionamento quando se acercou de mim um cidadão norte-americano, na faixa dos 60 anos e que eu conheço de andanças que não vem aqui ao caso, e que me perguntou quanto consumia o meu carro.
A pergunta não é tão ingénua assim e denota uma preocupação recente dos norte-americanos, que andam habituados a pagar muito menos pela gasolina que os europeus e na hora de comprar o bólide estavam pouco preocupados com o consumo.
Ele arranha muito bem o Português e eu arremedo-me ao Inglês, pelo que não foi difícil perceber na nossa rápida conversa, as suas prepcupações - apesar de os preços americanos dos combustíveis serem ainda cerca de metade dos praticados na Europa.
Bom, a verdade é que é tempo de mudar de vida. Nos EUA e em toda a parte do mundo. Se a mudança voluntária não for suficiente ou não for feita a tempo, e tudo leva a crer que não será, a recessão incumbir-se-a de cortar a torto, para nos por direitos. Isto é: tesos!

29 junho 2008

||| OS TABEFES NOS MAGISTRADOS...


Ou não me engano, ou esta semaa semana foi marcada pelos tabefes que arguidos e familiares deram aos juízes de Santa Maria da Feira, que, sabe-se la porquê, não terão acautelado a segurança no tribunal.
O país ficou, então, a saber que não são apenas os professores e outros funcionários públicos que estão sujeitos a esta prática nacional, os juízes, esses sacerdotes e sacerdotisas do Estado, também não se escapam a um bom par de tabefes. Como era de esperar, todo o país rumou a Santa Maria da Feira, com o presidente do Conselho Superior da Magistratura seguido de um séquito de jornalistas e carros de exteriores que foram gravar um par de banalidades.
Entretanto, os juízes de Santa Maria da Feira vão deixar de fazer julgamentos, o mesmo é dizer que deixarão de os fazer às terças, quartas e quintas, já que nos tribunais portugueses as segundas e as sextas são dias santos.
Os tabefes dos magistrados ocuparam tanto os jornalistas que a agressão a uma professora, que nem contava com protecção policial, que quase nem se deu pelo assunto. Até porque os tabefes aos magistrados tornaram os dados aos professores em assunto quase sem interesse.
Desta vez a pancadaria não envolveu os alunos, com os exames feitos e quase em tempo de férias portaram-se bem, ao que parece até se portaram bem demais pois tiveram boas notas no exame de matemática. Quem não gostou destas facilidades foram os partidos da oposição, que teriam preferido exames difíceis que levassem os estudantes a substituir os camionistas nos piquetes nas estradas. Parece que a oposição fica irritada quando o governo não dá motivo para protestos, obrigando a oposição a viver à sua própria custa.

28 junho 2008

||| AS HORAS SEMANAIS DE TRABALHO...


Sou pessoa pouco esclarecida sobre essas coisas do sindicalismo e dos direitos dos trabalhadores. Embora, na minha condição de gente a trabalhar por contra de outro, devesse saber mais dessas coisas.
Agora, por exemplo, ficámos a saber que a nova lei laboral preconiza 65 horas semanais de trabalho. Depois de um luta imensa pelas 48 horas, retrocedemos largamente - basta fazer as contas.
Pus-me a pensar e reparo que não nos ajuda nada ajuda sabermos que, a entrar em vigor a tal lei, trabalharemos mais para receber o mesmo - o que, bem feitas as coisas, se traduz em menos rendimentos, uma vez que se multiplicam por um número maior de horas.
Fui à cozinha, que se aquecia o estrungido, e pus-me a pensar: e se nos retirarem as horas das refeições? E se tivermos também de pagar a electricidade nas empresas? E igualmeNte o uso do wc? Estou a desconversar? Pronto, ok... estarei! Mas não estou a gostar da conversa!

27 junho 2008

||| AVES E CIOISAS DA VIDA!!!


As imagens de Óis são sempre uma ternura, sejam vistas ou fotografadas de que ângulo for. As semanas e os anos vão passando e, pelas horas e pelos dias, que de manhã ou de noite, sobre forma de máquinas e gestos mecânicos, repetimos práticas, sobre o instinto de sobrevivência, a par das práticas sociais impostas.
Chegamos ao fim de semana cansados e de agenda cheia de tarefas domésticas, deixadas pela semana fora!!! Esquecemos a chuva que bateu forte, empurrada pelo vento que agita as árvores da rua. E queremos sol, sol, muito sol!
Entre tudo isto há um outro mundo lá fora, onde, decerto, alguém, em comum, tem estas e outras rotinas. Ainda que cada pessoa seja uma só, que cada família seja uma só, que ligações se estabelecem entre o viver, o sobreviver, o fazer e o querer? São as coisas da vida!

26 junho 2008

||| JOGAR ÀS CARTAS!...


Hoje, vejam lá, dei comigo a jogar as cartas e lembrei-me de muita gente de Óis que aos domingos à tarde, berrava, se insultava e se divertia «a batê-las", como eles diziam: o ti Acácio, o sr. Cadinha, Joaquim Foca, e outros, que se enfiavam no café que era do sr. Armando e depois do sr. Albertino, e bebeiam ums champarrions - acho que era assim de que dizia. Ou uns bons copos de vinho!
Era dos poucos jogos que eu via e até eu ter licença de pegar em baralhos, passaram-se anos e, para não haver abusos, só para jogar ao... burro!
Contava um tio meu que não havia melhor tarde de domingo que umas lerpas a rebuçados de meio tostão no salão da sra. Celeste, salão que eu já não conheci desse tempo. Já era, diríamos hoje, um jogo de azar...
Hoje, ao jogar as cartas com umas amigas que aqui apareceram, dei-me a lembrar-ne como quantas vezes nos entregamos à sorte, dizendo que não a temos. Inventamos razões para para nos entregarmos nas mãos da sorte e no entanto continuamos a contrariar a razão que nos diz para o não fazermos. Qual seria a hipótese, por exemplo, de nos sair um prémio chorudo nos jogos semanais?! É ínfima essa probabilidade, contudo continuamos a acreditar sem termos uma razão válida para isso. Já agora e para acabar: esta tarde perdi a jogar as cartas!

25 junho 2008

||| A CGTP E OS TRABALHADORES PORTUGUESES DIVIDIDOS AO MEIO...


Eu nada ou muito pouco percebo de lutas sindicais, embora «adore» ver a alegria e diversão das manifestações, principalmente as da CGT - que a UGT parece-me mais sorumbática. Assim como que a mostrar os portugueses divididos em dois tipos de trabalhadores!
Há bocado, ouvi na televisão que CGTP abandonou hoje a concertação social, onde na realidade parece que nunca está, por só-lá-ir-e-vir e o Carvalho da Silva mandar uns bitaites. E hoje abandonou porquê?
Ora, porque aparentemente não tinha condições para discutir as suas propostas no âmbito da reforma do código laboral. Tinha, não tinha, não sei... Ou sei que não sei. Mas fica-,me a parecer que, como a sua visão ia ser derrotada, para mais com um amplo apoio da UGT e de outras organizações ali representadas, a CGTP encena a saída de uma negociação que durava há um ano mas onde nunca pretendeu verdadeiramente negociar. Isto é: começou o aquecimento mas não entrou no jogo, se cakhar com medo de chegar aos pénaltis.
Ao contrário do governo, das associações patronais e da UGT, a CGTP foi a única organização que não cedeu em nenhum ponto estruturante das suas exigências e não reconheceu nenhuma das cedências de terceiros. De uma «negociação» dessas só ficam imposições que a concertação social, evidentemente, recusou. Com o acordo fechado, enfim, a CGTP já pode agora começar a discutir com os únicos interlocutores que reconhece: o megafone e o apito.
Só não entendo é porque diz que defende os trabalhadores! Ou só defenderá alguns?! Ou é mais adepta da democracia de rua?

24 junho 2008

||| O CHEIRO DA TERRA MOLHADA!


Ontem, choveu... e isso fez-me lembrar tempos antigos, quando, depois das colheitas do milho da lavoura, as do sequeiro, se lavrava a terra para semear nabos e vinha aquela chuva que levantava a poeira toda. Sabia tão bem, aquela chuva!
Uma vez, nos serrados, andei a rebolar-me na terra quente e mimosinha, onde meus avós tinham andado a gradar, para misturar a semente de nabos e de erva, para o inverno. Era a chuva de verão!
Isso mesmo, chuvas de verão!!! Eu adoro e tenho até saudades! Fazem-me sentir de novo o cheiro a terra. Limpam por completo o ar. Após as chuvas de verão, a atmosfera fica incomparavelmente mais leve. Todos nos sentimos melhor! Parece que há um recomeço. E quem não se sente bem com essa sensação?! Sabe tão bem o cheiro da terra molhada.
A chuva da cidade não é igual, espilra-nos e molha-nos, é uma chata!
Seráda idade? Terá razã a vizinha, quando me diz que estou a chegar à meia idade, que é quando, diz ela, ficamos perto da idade completa?!
Oh, quero lá saber, eu gosto é da chuva de verão e do cheiro da terra molhada!...

22 junho 2008

||| AUTO-ESTRADAS PARA QUÊ, AÍ COM O TGV?!...


Li algures que o TGV vai ter uma estação em Albergaria. O governo está tão irredutível quanto ao avanço do projecto do TGV que, face ao preço dos combustíveis, tudo nos leva a concluir ser absolutamente desnecessária a implementação de nova rede de auto-estradas. Para quê?
Na verdade, tendo em vista a tendência galopante dos aumentos dos combustíveis e a redução drástica do tráfego automóvel por ele provocado, é efectivamente compreensível que o governo deva situar as suas opções em políticas alternativas ao transporte rodoviário tal como agora se processa. Assim e embora o TGV seja o projecto que só estará concluído daqui a alguns anos, justifica-se que o actual governo comece de imediato a tomar medidas no sentido de reactivar o transporte ferroviário de mercadorias, criando entrepostos nas periferias das principais cidades de molde a ser apenas a partir daí que os produtos sejam distribuidos aos vários postos de transacção.
O país não pode nem deve continuar a depender do transporte rodoviário de longo curso porque o custo dos combustíveis vai tornar inviável a continuação da sua existência. O transporte rodoviário vai ter que se cingir a pequenos percursos, entre os entrepostos principais de distribuição que terão de ser urgentemente construídos e as cadeias de comercialização desses mesmos produtos. Torna-se por isso injustificável a reconhecida necessidade pelo governo de ampliar a rede viária de que o país dispõe construíndo novas auto-estradas e IPs. Digo eu, que nem sou de engenharias, nem de economias, muito menos de estratégias nacionais.

21 junho 2008

||| PORTUGUESES DEPRIMIDOS DEPOIS DA BOLA...





Não dou grande coisa para a bola mas deu para ver que, nas duas últimas semanas, o país andou na catarse do costume a acreditar mais uma vez que ao menos no futebol somos os melhores do mundo. Mais uma vez se demonstrou que não somos. Nem do mundo nem da Europa.
E por mais sobranceria que os jogadores tenham nas conferências de imprensa, o que interessa mesmo é o resultado final. E esse é o que sabemos. Durante 15 dias Portugal e a selecção de futebol foram unos. Literalmente. Os defeitos e as virtudes da nação estão espelhados no percurso da sua selecção nacional. A arrogância socrática é copiada pelos jogadores que parece que vão resolver tudo numa penada mas que afinal, à semelhança de Sócrates, é tudo uma fantochada cheia de fragilidades.
A selecção continuará a ser a eterna favorita e o país continuará a ser um país adiado.
Há um português mais lixado que todos os outros com a derrota da selecção portuguesa nos oitavos de final. Chama-se José Sócrates. Durante estes últimos 15 dias os camionistas suspendiam por 90 minutos o bloqueio para beber umas cervejolas em frente da televisão onde Portugal jogava; os cidadãos prometiam boicotes aos combustíveis mas à última hora engrossavam as filas nos postos de abastecimento com medo de ficarem apeados; os mesmos cidadãos queixavam-se do aumento dos combustíveis mas inexplicavelmente pegavam nos carros para comemorar os jogos da selecção.
Durante este últimos 15 dias de habitual esquizofrenia nacional, José Sócrates gozou de um estado de graça momentâneo, pelo simples facto de ninguém se lembrar que ele existia. A partir de anteontem José Sócrates voltou a existir – e mais uma vez pelos piores motivos. Deprimidos com o facto de nunca chegarem a lado nenhum os portugueses preparam-se agora para o novo desporto nacional: lixar um português.

20 junho 2008

||| QUE POUCA VERGONHA, EDP!!!...


A EDP anunciou a intenção de reverter nas facturas dos seus clientes os 12 milhões de euros de incobráveis, quando essa mesma EDP apresenta 900 milhões de euros de lucro.
Isto é: a EDP não é capaz de cobrar o que lhe devem e quer que o que lhe devem seja pago por quem é honrado e pagador!
Imaginem os bancos a seguir o exemplo e a resolver assim os seus problemas de contencioso... Mas, o mis espantoso é que a proposta é da ERSE, organismo estatal e regulador do sector. Afinal uma medida consentida e avalizada pelo executivo.
Prepara-se também a EDP para rever trimestralmente o valor da factura a apresentar aos consumidores, uma forma de avançar para um assalto descarado ao bolso do cidadão que não tem alternativas.
A EDP é um monopólio e faz o que quer no sector. Nem sequer paga os dividendos das acções aos seus subscritores. Um autêntico caso de polícia. E quer continuar a entrar-nos nos bolsos!!! Que falta de vergonha!!!

19 junho 2008

||| BLOGAR IDEIAS...


Hoje deu-me para isto - e até que enfim... - e passei as últimas horas a fazer uma limpeza profunda ao mail, que bem precisava. Pus fora quase 1500.
Disse agora aqui o primeiro herdeiro, que fiz mais, podia tê-las guardado numa caixa. Não percebi e tive de ir a explicações!!... Pronro, lá percebi!
No fundo, pus mais de dois anos de histórias tristes, felizes, de músicas e fotos partilhadas, de conversas importantes, outras da treta. Foi giro relembrar o processo que antecedeu algumas relações (e como se desenrolaram, até acabar), os planos com o(a)s amigo(a)s, até coisas de trabalho. Deu para rir, deu para sentir saudades, deu para me enfurecer. E deu também par descobrir novos amigos.
Acho agora que a opção de não editar todos os comentários foi o melhor que fiz, embora um ou outro tivesse aparecido a boiar neste mar de ideias que são os blogues.
Hoje, enquanto atirava aqueles mails para a pasta "excluir", não pude deixar de sentir que estava a fazer o mesmo a alguns episódios da minha vida. A excluí-los, não me alivio com isso. Mas confesso que fiquei um bocadinho triste! Agora, se calhar já não os excluía.

18 junho 2008

||| HUMOR DE PATAS PARA O AR!!!


Hoje que nãome apetece muito blogar, vou escrever sobre uma característica notável da espécie humana que é a capacidade de se rir de si própria e daquilo que a rodeia. Chama-se sentido de humor e é um dos placebos mais eficazes da nossa existência: está cientificamente provado que uma boa gargalhada diária aumenta a longevidade, alivia tensões e torna-nos, nem que seja por instantes, pessoas bem mais felizes.

Existem vários tipos de humor, desde o mais básico ao mais requintado, mas o sentido de humor é algo transversal a todos os humores - quem o tem, esboçará pelo menos um leve sorriso quando confrontado com um dos vários géneros de humor.

Infelizmente há por aí muito mamífero baboso desprovido de sentido de humor. Lamentavelmente para eles que, por mais que se esforcem, vêem tudo à luz da sua realidade e personalidade limitada e desinteressante, sem uma única pontinha de humor. Este post é dedicado a eles, a esses seres merecedores de uma tribo de somalis que lhes animassem o dia. Se algum de vocês está por aqui a ler isto, um conselho: vão dar sangue, suas bestas! - pode não ter piada nenhuma mas ao menos estão contribuir para aumentar a longevidade de alguém.

17 junho 2008

||| CABEÇADA NO VIDRO!



Hoje fui protagonista de uma daquelas cenas domésticas de perfeito gozo, o resto da vida. Já me aconteceram algumas: já caí por escadas abaixo, já escorreguei no passeio, já vomitei na rua, já andei na rua com sapatos desiguais e de gargulha aberta..).
Agora aconteceu-me outra: os putos andavam lá fora, numa festa de anos de um vizinho e, de repente, ouvi o mais pequeno chamar-me com muita insistência. Levantei-me a correr e avancei para o terraço. Só que... as portas de vidro estavam fechadas. Conclusão: marrei violentamente com a cabeça no vidro, tão violentamente que o meu corpo foi atirado para trás. Por uns segundos perdi os sentidos.
O vizinho veio a correr e ficou de boca aberta de espanto e preocupação. Por uns momentos, com o atorodmaneto, até chorei de dor e sem conseguir falar. Depois ri-me e foi quando ele começou a gargalhar como se tivese visto a melhor piada do mundo.
Passou-se uma meia hora, entretanto,e tenho agora uma dor forte na testa (e no cérebro, acho eu...) e sinto-me levemente idiota. Quantas células terei morto com a minha marrada no vidro da porta?! Nem estou em condições de contar!

16 junho 2008

||| REZAR A SANTO ADRIÃO PELO PÓLO EDUCATIVO




A utopia, seja em Óis da Ribeira ou em qualquer parte do mundo e porque inacessível, pode levar-nos à desistência.
Não quero com isto dizer, de maneira nenhuma, para que abandonemos projectos com que sonhamos - estou a lembrar-me do processo da pólo educativoa da Pateira Nascente que há meses foi anunciado nos jornais e depois esquecido - para que nos conformemos com a realidade (estupidamente verdadeira!).
Nada disso! Prossiga-se com o sonho, mas com os pés bem assentes na terra! Pequenas vitórias são sempre melhores que a estagnação que nos desespera. Não é, ó ribeirenses!!! Vamos lá então rezar a Santo Adrião, para que não se esqueça dos seus paroquianos!

15 junho 2008

||| O GOVERNO, AS GREVES, OS BLOQUEIOS E A POLÍCIA DE INTERVENÇÃO...


O país assistiu, meio ensandecido, aos recentes bloqueios dos camionistas. E assiste regularmente a greves, que são sempre (in)justas - consoante o olhar de quem as vê.
Há um país que somos e um governo que temos, como todos sabemos. E o governo representa o Estado. Que assegura(rá) a todos os portugueses a segurança e a aplicação da lei - entre outras e algumas coisas cada vez mais caras aos portugueses.
O aparelho do Estado, para isso, equipa-se e arma-se, tem os seus agentes para intervir. Quando devem.
Então, porque razão é que estes senhores aqui da foto ao lado são mandados intervir em greves (previstas na lei) e, no recente caso do bloqueio dos transportadores - ilegal e pleno de actos de puro terrorismo social, como se viu... -, foram mantidos num estado de inacção que só estimula novos desacatos? Que país é este? E este governo?

14 junho 2008

||| MARCHAS DE ÓIS DA RIBEIRA SÃO NA NOITE DE HOJE

As marchas populares de Ois da Ribeira realizam-se
na noite de hoje, numa organização da Tuna, da ARCOR
e da Junta de Freguesia.
Aconcentração (20,30 horas) será no largo da Igreja e
o desfile será pela rua Benjamim Soares de Freitas,
largo do Centro Social e ruas Manuel Tavares e da Pateira,
até ao largo do restaurante - onde, pelas 21,30 horas,
decorrerão as marchas.

13 junho 2008

||| A NOVA DEMOCRACIA...




A gente anda por aí e pergunta-se se a democracia não estará mesmo doente?
É, na verdade, de estranhar que nos últimos dias ninguém tenha questionado a sua saúde. Não questionaram a legitimidade de armadores e pescadores decidirem oferecer ou destruir pescado que tinha sido pago por pequenos consumidores, não se incomodaram por uma minoria de camionistas ameaçarem, coagirem e impedirem outros de circular e até mesmo ameaçar o país com uma guerra civil.
A extrema-esquerda, cuja liderança é disputada por PCP e BE, não ficou incomodada por ver motoristas e pescadores servirem de tropa de choque de alguns dos piores patrões do país, a direita ficou silenciosa perante as restrições à liberdade e a destruição da propriedade alheia, ou o desrespeito da ordem pública, valores que lhe são tão queridos. Pior, enquanto tudo isto acontecia era evidente a mãozinha dos seus militantes nalgumas destas acções, os dirigentes calaram-se enquanto as bases se uniram na acção, o que não é novidade, uma boa parte dos manifestantes da CGTP até é transportada em autocarros de autarquias do PSD.
Para muito dos nossos políticos a democracia é a parlamentar se estiverem no governo e é a da rua se estiverem na oposição, analisam o estado de saúde da democracia pelo seu estatuto. Para o PCP e BE não é o voto dos eleitores que conta, nem os deputados do parlamento, são os manifestantes que representam os eleitores. Se alguém tem dúvidas resolve-se o problema exibindo alguém que diz que votou PS mas está nas manifestações ou a organizar a destruição de camiões da concorrência. Assim, o parlamento deixa de ter legitimidade.
É este o conceito de boa saúde da democracia, quem deve decidir são os que conseguem juntar uma manifestação ou que têm meios para bloquear o país, quem representa os eleitores sé o CC do PCP que vai à cabeça das manifestações da CGTP, ou os camionistas do PSD que com alguns camiões põem em causa a economia. As votações das moções de censura vão avaliadas na rua, foi isso que disse Jerónimo de Sousa quando apresentou a sua e Ana Drago durante a votação da moção de censura apresentada pelo CDS. O PS tem a legitimidade parlamentar, a direita e a extrema-esquerda juntaram-se para governarem a partir da rua.
Enfim, com políticos destes não há democracia que aguente. E, já agora, transponha-se isto para Óis da Ribeira.

12 junho 2008

||| O GOVERNO REAGIU COM A ESTRATÉGIA DE POLÍTICO ESPERTO E PACIÊNCIA DE SANTO...


Fui dos muitos portugueses que, ontem, foram a a correr às bombas de gasolina, para encher o depósito, não fosse o diabo tecê-las: 50,26 litros, ou 72,2 euros!!!!... - Não me lembro de alguma vez ter metido tantas notas de euro dentro do depósito!
Esta brincadeira, e já caminho de casa - e, vejam lá, vinha a ouvir o relato do Portugal, três, República Checa, um, no rádio... - pôs-me a pensar em como os transportadores rodoviários têm um problema grave. Por outro lado, os patrões dos transportes rodoviários cortam estradas, ameaçaram e impediram quem queria trabalhar, incendiaram camiões como represália e riem-se nas barbas das forças de segurança da impunidade com que afrontam o país.
O problema não é tanto (apesar de não deixar de ser um problema sério) tratar-se de um desrespeito pela lei é que não é um desrespeito qualquer, é a ameaça de paralização do país e de uma gravíssima situação política e social.
O Governo reagiu com uma tolerância de santo, o que não seria de todo grave se isso não desse asas à chantagem e não obrigasse a negociar e a resolver os problemas em pior situação.
Claro que o Governo não deve cair no extremo oposto que alguns sugerem e percebe-se com que objectivo, e que seria o de declarar o estado de excepção no país ou de reprimir desproporcionadamente. Mas quanto mais tarde recorrer à firmeza na imposição da lei mais difícil será impô-la e maiores os custos poderá ter de suportar.
Como ontem dizia, vamos esperar pela segunda-parte! Ou até pela terceira!!!
Eu é que, mesmo com o depósito cheio, já abdiquei da projectada viagem à Figueira da Foz e se for para ir à praia, vou ali à Barra. E é um luxo!!!

11 junho 2008

||| A POLÍTICA PORTUGUESA NO SEU MELHOR!!!


Agora que já lá vão as greves, Quais rebeliões populares, ante um governo agachado atrás da chamada estratégia política, não deixa de ser curioso que sejam dois grupos empresariais, que se caracterizam pela tendência para o incumprimento de todas as regras, que não hesitaram em lançar o país em crise cujas consequências ninguém poderá imaginar! Por eatar agora no intervalo!
Os armadores foram os primeiros e, a ver pelo que se viu, se pudessem usavam malhas maiores do que as permitidas, excediam todas as quotas e pescariam em locais proibidos, depois de décadas de saque sem regras, a queixarem-se de que as poucas sardinhas que pescam são vendidas baratas.
Agora, estradas de Portugal foram os camionistas - que se pudessem transportariam peso a mais, desrespeitariam os horários de trabalho dos motoristas e tornariam suas, e só deles, as estradas do país.
Talvez por serem manifestações atípicas, assistimos a fenómenos curiosos. Assim, enquanto o PCP manteve o silêncio, os pescadores foram despedidos para ganharem subsídio de desemprego, enquanto durasse o lockout - ao mesmo tempo, claro está, que serviam de carne para canhão nos piquetes dos patrões.
O mesmo triste papel tem sido desempenhado pelos motoristas, alguns a dizerem que estão ali para defender os patrões, os mesmos patrões que não cumprem as regras laborais. Perante isto, assistimos ao silêncio cobarde dos que se dizem candidatos a liderar o proletariado.
É vergonhoso como os grandes defensores da “democracia”, dos trabalhadores, dos ideais de Abril e da ditadura do proletariado optem pelo silêncio enquanto os trabalhadores servem de tropa de choque de “empresários” sem escrúpulos, na esperança de obterem alguns votos em resultado da crise económica, numa lógica sinistra de que quanto pior melhor. É a luta de classes à portuguesa, se os trabalhadores servirem de troipa de choque e isso ajudar Manuela Ferreira Leite a chegar a S. Bento, Jerónimo de Sousa cala-se.
À direita assistimos ao mesmo oportunismo. Na verdade, CDS e PSD optaram pelo silêncio, Ferreira Leite deve andar a mudar as fraldas ao neto e Paulo Portas deve ter optado por ir a banhos. É a política portuguesa no seu esplendor!!

09 junho 2008

||| FUTEBOL, FÁTIMA, FADO E SÓCRATES...


O marketing de José Sócrates, como todos sabemos, é imbatível. A sua Central de Comunicações funciona com uma perfeição invejável, bem comandada pelos dois especialistas de serviço: Augusto Santos Silva (Ministro dos Assuntos Parlamentares) e Pedro Silva Pereira (Ministro da Presidência). Pena que nas restantes áreas de governação, o executivo não tenha uma acção tão denodada, mas antes uma incompetência gritante. Todos nos vamos queixando, incluindo muito boa gente socialista!
Isto vem a propósito do futenol e da forma como a Comunicação Social transformou as "nossas" actuais preocupações, numa só: o dia-a-dia da selecção nacional ! Todos gostamos de ver a Selecção a jogar e a ganhar. Mas isso ocuparia 90 minutos de vez em quando. Em vez disso, a CS bombardeia-nos diáriamente com o autocarro, com a chegada ao hotel, com as manifestações em Neuchatel, com o tornozelo do Ronaldo e o pulso do Quim...
Entretanto o país vai afundando ao ritmo dos golos. Que anda a fazer o Manuel Pinho que se ausentou da reunião em Bruxelas onde se discutiam as suas próprias propostas? Que anda a fazer Teixeira dos Santos para além de se "enganar" repetidamente nos indicadores económicos (sempre a seu favor, está visto). Que anda a fazer a Ministra da Saúde que desde o dia em que substituiu Correia de Campos, desapareceu. Alguém sabe quem é José António Pinto Ribeiro e o que ele anda a fazer ?
E depois do futebol que se irá manter por uns meses, com as preces do governo para não serem já excluídos, virá a época balnear, a "silly season", onde nada acontece que melhore a vida do cidadão. O tempo vai passando e o pessoal vai vendo futebol. Antes era mais fado e Fátima. Os efes de uma nação explorada por uns quaisquer chico-espertos.
Temos então o país real dos desempregados que não páram de aumentar, das maiores diferenças salariais da Europa, da emigração de pessoal qualificado, dos impostos a crescer para aguentar a despesa também a crescer que suporta as mordomias do Estado e dos seus dirigentes, dos dois milhões de portugueses a viver no limiar da pobreza.
Temos, por outro lado, o país virtual de Sócrates em que se vive melhor que há 3 anos, onde quase não há desemprego, e principalmente (deveria repetir umas mil vezes...) o défice está abaixo dos 3% !
Desculpem.... Temos afinal a Selecção a jogar, para ganhar e para fazer esquecer as mágoas. Haja golos e Selecção, que o resto é canga para os que já estarão habituados. Muitos mas não todos. Muito menos eu, que pouco ligo ao futebol e só vejo a selecção! Mas não a da bola! Deus me livre!!!

08 junho 2008

||| OS LIVROS NOS SUPERMERCADOS, A BOLA E SÓCRATES...


Hoje, a meio da tarde, fui dar a inevitável volta dos tristes e gastar uns dinheiros ao Glicínias, para comprar coisas várias para necessidades várias. Por isso, passei pelo corredor dos livros e decidi ir à procura de um dos meus novos autores favoritos. Vi Gonçalo M. Tavares na prateleira, peguei-lhe com cuidado, e pu-lo no carrinho.

Aproveitei o balanço e pus também Philip Roth e o seu Património. Foi a primeira vez que comprei livros na Bertrand, do Fórum Chamem-lhe preconceito ou lá o que é, mas nunca me dá vontade de comprar livros nestes sítios. Acho bem que lá estejam. Só não consigo comprá-los. Alguma vez tinha de ser a primeira. Foi esta.
Em frente estavam os corredores dos detergentes. Muitos. Para o chão, para a roupa, para a loiça. Para tirar nódoas, para evitar a mistura de cores dentro da máquina de lavar, para desencrostar o forno. Precisava de detergentes para o chão e de um amaciador para a roupa. Dirigi-me às prateleiras, peguei-lhes e avancei. Foi então que olhei para o conteúdo do meu carrinho. Gonçalo M. Tavares, Philip Roth e... Sonasol, Ajax e Sim.
Sim, é esquisito. Muito esquisito. Livros e detergentes? É por causa desta promiscuidade que não gosto de comprar livros em hipermercados. Tã a ver?!

Ei, Portugal ganhou por dois a zero e dizem amigos meus que jogou bem. O Sócrates pode dormir descansado nos próximos dias!!!

07 junho 2008

||| O EURO ACABA COM TODOS OS PROBLEMAS...


Hoje começou o Europeu de futebol - Portugal está a ganhar por um a zero aos turcos... - e a partir de hoje, e se tudo correr bem à selecção, os problemas dos portugueses ficam temporariamente resolvidos.
Sócrates, por isso mesmo, poderá respirar, Manuela Ferreira Leite poderá ir cuidar do neto, Jerónimo de Sousa pode ir comer uma sardinhada acompanhada da pinga de tintol, Paulo Portas pode interromper um pouco o carrossel entre as traineiras e as bombas de gasolina de Badajoz, Louçã pode aproveitar umas horas para o bronze e nós, vulgares cidadãos, podemos assistir a uns quantos jogos, esperemos que muitos, sem gente a tentar deprimir-nos. E a beber umas cervejoals, ainda que eu não seja muito de cervejas e de futebol...
O Euro faz acabar, como que por milagre, a pobreza endémica, o gasóleo já estará a preços acessíveis, a sardinha está de regresso aos pratos, voltamos, enfim, à normalidade.
Imagino que Sócrates deseje que a selecção chegue à final, o que significa que do Euro iríamos directamente para a praia. E não faltarão também os que desejem que se fique pela fase de grupos porque o ambiente de depressão colectiva sempre dá mais votos do que o pódio de Viena.
Para já temos os problemas resolvidos, adeus aos preços altos, à gasolina pelas horas da morte, aos políticos enjoativos, deprimentes e sem graça. Que viva Portugal, que os nossos heróis nos façam campeões da Europa nalguma coisa. E viva Portugal!!!

06 junho 2008

||| COISAS DE PORTUGAL...


Uma adolescente de 16 anos pode fazer livremente um aborto mas não pode por um piercing.Um cônjuge para se divorciar, basta pedir.
Um empregador para despedir um trabalhador que o agrediu precisa de uma sentença judicial que demora 5 anos a sair. Na escola um professor é agredido por um aluno. O professor nada pode fazer, porque a sua progressão na carreira está dependente da nota que dá ao seu aluno.
Um jovem de 18 anos recebe 200 euros do Estado para não trabalhar; um idoso recebe de reforma 236 depois de toda uma vida do trabalho.
Um professor é sovado por um aluno e o Governo diz que a culpa é de causas sociais.O IVA de um preservativo é 5%.
O IVA de uma cadeirinha de automóvel, obrigatória para quem tem filhos até aos 12 anos, é 21%. Numa entrevista à televisão, o Primeiro-Ministro define a Política como «A Arte de aprender a viver com a decepção». Estaremos, como Portugueses, condenados a aprender a viver com este Primeiro-Ministro? Ou qualquer ouro, parecido?!

05 junho 2008

||| A PRAÇA E O CANTO IRRITANTE DE ALEGRE!...


Aos meus tempos de escola, em Águeda, ouvir falar de Manuel Alegre era falar do poeta da Praça da Canção, o poeta de Águeda, depois o escritor e o romancista de "Jornada de África". Depois, conheci-o político, embora já soubesse que era. Um político irritante, com aquele vozeirão enorme e a dar nas canelas do próprio partido, o PS.
Depois, candidato a Presidente da República! Sempre irritante e de queixo alevantado - certamente provocando alergias a muita gente. E ao aparelho profissional do PS.
Pois bem, agora deu-lhe na cabeça para ser fazer mais esquerdo que a esquerda do PS e misturou-se com os louçãs do bloco para aquelas bocas de anteontem a melindrar o próprio partido. Irritante, heim?!
O que continua a surpreender mais em Manuel Alegre, na verdade, é a constante capacidade que ele tem de irritar, alargando permanentemente o leque dos irritados. A alergia por Alegre contamina hoje, nas esquerdas, muita e variada gente, cada vez mais gente e gente que só contra Alegre se consegue entender, fazendo coro. Usando os mais díspares argumentos mas confluindo na rejeição de Alegre. Porque em Alegre, cada vez mais, há sempre qualquer coisa para embirrar, seja de fundo ou de pormenor.
Talvez passe por aqui o germinar da unidade operacional da esquerda, das esquerdas, destas esquerdas sedentas de uma irritação comum de estimação que as (re)mobilize. Se tanto conseguir, Manuel Alegre, em exemplo de simetria carismática por uma unificação de rejeições de que nem Sócrates se conseguirá gabar, poderá rir-se de ter desempenhado um útil papel para que as esquerdas se unam e decidam governar pela esquerda, calando, finalmente, o pesadelo incómodo que, volta e meia, lhes invade o sono da inércia das vetustas incompatibilidades.
E cá vamos cantado e rindo.
Alegre(mente)!

04 junho 2008

||| O FUTEBOL, O FC DO PORTO E OS MENINOS MAUS...




O futebol não é propriamente a coisa que mais me atraia mas recordo, enfim, com alguma nostalgia, o primeiro jogo que vi: no estádio das Antas, num jogo internacional com um clube espanhol, cujo nome não lembro agora. Já lá vão uns bons anos.
Saí de lá com uma ideia menos boa: não gostei do comportamento de uns fulanos com umas roupagens e gritos muito especiais, que vim a saber serem as claques. Horrível!!! Ao regressar a casa, nessa altura, lembrei-me de padre Américo, que reza a história que dizia não haver rapazes maus. Eu acrescentaria: nem bons!
Pegando no mundo futebol como na vida, podem-se fazer uma série de asneiras. Menos ser visto - e ouvido - a fazê-las! Já nos meus tempos de adolescente as coisas aconteciam da mesma maneira.
Havia sempre uns que, por não estarem na mira dos professores, por maior velocidade de pernas, ou de raciocínio, conseguiam sair da «cena do crime», enquanto outros, mais lentos, sem a fama de meninos «bonitos», logo eram agarrados.
Vem isto a propósito do MSN que hoje recebi do meu par conjugal, à hora do almoço: o Porto foi condenado.
Sobre o castigo aplicado pela UEFA ao FC do Porto e, a montante, pelo CD da Liga portuguesa, tenho uma leitura semelhante: a equipa portista foi «apanhada». Mas muitas outros, simplesmente, não o foram! E recordo também a parábola do «menino que nunca era apanhado». Até que um dia foi. Ou a história do pastor que pedia socorro ao ataque dos lobos, que nunca atacaram. Era sempre mentira. Até que um dia foi verdade e ninguém o socorreu. É a vida!
Para acabar, se querem saber, não sou do FCP nem, do Benfica, nem do Guimarães. As minhas remotas paixões andam por Alvalade, por causa das labaredas desportivas de meu avô.

03 junho 2008

||| CONSELHO DE MULHER SOBRE A ANOREXIA...


Caminhei este último fim de semana ao lado da anorexia.
Tinha 19 anos quando li "Do outro lado do espelho", de Marya Hornbacher (que recomendo vivamente a quem queira conhecer a fundo distúrbios alimentares como a anorexia e a bulímia), mas a verdade é que nunca tinha visto a doença de perto.
O que vi foi a magreza extrema, os ossos demasiado salientes cobertos de músculo muito (mesmo muito) magro, as veias salientes demais por não terem onde se enterrar, as olheiras fundas, o olhar encovado, a mania (do controlo) na expressão da anoréctica, que fazia jogging à beira-mar sem tirar os olhos do telemóvel, para controlar rigorosamente os minutos e segundos de exercício físico, o ar demasiado nervoso e uma ansiedade mais que notória .
Abalou-me profundamente ver assim tudo aquilo que já conhecia em papel e que os meus olhos não esperavam observar. Num local repleto de praticantes de exercício físico e de turistas era inevitável que as pessoas não olhassem e, embora fossem discretas, notava-se perfeitamente os que a viam pela primeira vez: vi casais em que um dizia algo após o qual o outro acenava afirmativamente. Pareceu-me ouvir dizer cada um deles: "É anoréctica não é?".

02 junho 2008

||| O CUSTO DA SARDINHA E OS LAGOSTINS...


Não sou a pessoas mais adepta da sardinha, mas não dispenso uma boa sardinhada, uma a duas vezes por ano. Isso, portanto, não me preocupa.
Preocupa-me é que os pescadores portugueses tenham paralisado - contra o governo, devido ao aumento dos custos com combustíveis, que afecta todos os portugueses.
A situação é de facto difícil para todos, mas os pescadores já têm critérios de excepção com pesados subsídios do Estado, que lhes permitem à pesca longínqua obter combustível 50% mais barato do que qualquer um de nós.
A isto somam-se muitos anos, demasiados anos, em que os fundos europeus foram mal aplicados e a frota não se reconverteu como deveria. Mas a greve avançou e, como todas as greves, respeita-se o protesto. O que me parece inaceitável é a forma como os pescadores estão a agir junto aos portos e lotas deste país. Que eu saiba ainda não voltamos ao PREC, por isso estes actos são casos de polícia e devem ser tratados como tal. Afinal, goste-se ou não de sardinha e a fazer crer no que se diz, andamos todos a subsidiá-la. Quer a comamos, quer não!
Mais vale ir pescar e comer lagostins!!! Sempre ficam à bola e nem pagam impostos ou recebem subsídios!!!

01 junho 2008

||| A MINHA AVÓ!!!...


Hoje é domingo, fui a um funeral e dei-me conta, no regresso, das saudades que tenho da minha avó materna, dos vestidinhos e laçarotes com que ela gostava de me enfeitar, de ajudá-la a cozer a trigamilha e os pães-de-ló da Páscoa, da gaveta dos doces de abóbora que eu prontamente abria, curiosa, mal entrava em casa; dos mimos… do mel!
Tenho saudades da minha avó quando está sol, do cheiro a Primavera d´Ois, do canto das cegonhas e daquele olhar muito azul sempre a velar-me as brincadeiras: “Não corras, olha que cais!” e eu ria-me muito, feliz, e corria, corria, até cair mesmo e esfolar um joelho. E depois, aflita, ia ter com ela, com os olhos rasos de lágrimas. E ela tratava-me o arranhão e aconchegava-me ao seu colo enquanto me afagava os cabelos e me sossegava: “Pronto, já passou!”.
Tenho saudades da minha avó quando chove, do cheiro a terra molhada que se misturava com o cheiro do pão, quentinho, acabado de sair do forno a lenha. E da lareira? Ai, meu Deus, que saudades daquela lareira, sempre acesa. “Anda para dentro que está a chover!”, chamava ela.
Tenho saudades da minha avó, à noite, quando me lembro de a sentir aproximar-se da minha cama a fingir que ia aconchegar-me a roupa, só para se certificar que eu respirava.
Hoje em dia, tenho que aprender a controlar a velocidade das minhas correrias, a levantar-me sozinha quando caio e a ficar à chuva porque a voz da minha avó calou-se e já ninguém me chama para ir para dentro…
E é então que, às vezes, quando me canso de ser adulta e deixo de sentir as feridas, as lágrimas e a chuva, é aí que sinto as saudades. As saudades da minha avó!! Daquela minha avó muito especial. A outra, eu gostava dela, mas morava longe.