05 junho 2008

||| A PRAÇA E O CANTO IRRITANTE DE ALEGRE!...


Aos meus tempos de escola, em Águeda, ouvir falar de Manuel Alegre era falar do poeta da Praça da Canção, o poeta de Águeda, depois o escritor e o romancista de "Jornada de África". Depois, conheci-o político, embora já soubesse que era. Um político irritante, com aquele vozeirão enorme e a dar nas canelas do próprio partido, o PS.
Depois, candidato a Presidente da República! Sempre irritante e de queixo alevantado - certamente provocando alergias a muita gente. E ao aparelho profissional do PS.
Pois bem, agora deu-lhe na cabeça para ser fazer mais esquerdo que a esquerda do PS e misturou-se com os louçãs do bloco para aquelas bocas de anteontem a melindrar o próprio partido. Irritante, heim?!
O que continua a surpreender mais em Manuel Alegre, na verdade, é a constante capacidade que ele tem de irritar, alargando permanentemente o leque dos irritados. A alergia por Alegre contamina hoje, nas esquerdas, muita e variada gente, cada vez mais gente e gente que só contra Alegre se consegue entender, fazendo coro. Usando os mais díspares argumentos mas confluindo na rejeição de Alegre. Porque em Alegre, cada vez mais, há sempre qualquer coisa para embirrar, seja de fundo ou de pormenor.
Talvez passe por aqui o germinar da unidade operacional da esquerda, das esquerdas, destas esquerdas sedentas de uma irritação comum de estimação que as (re)mobilize. Se tanto conseguir, Manuel Alegre, em exemplo de simetria carismática por uma unificação de rejeições de que nem Sócrates se conseguirá gabar, poderá rir-se de ter desempenhado um útil papel para que as esquerdas se unam e decidam governar pela esquerda, calando, finalmente, o pesadelo incómodo que, volta e meia, lhes invade o sono da inércia das vetustas incompatibilidades.
E cá vamos cantado e rindo.
Alegre(mente)!

Sem comentários: