Hoje é domingo, fui a um funeral e dei-me conta, no regresso, das saudades que tenho da minha avó materna, dos vestidinhos e laçarotes com que ela gostava de me enfeitar, de ajudá-la a cozer a trigamilha e os pães-de-ló da Páscoa, da gaveta dos doces de abóbora que eu prontamente abria, curiosa, mal entrava em casa; dos mimos… do mel!
Tenho saudades da minha avó quando está sol, do cheiro a Primavera d´Ois, do canto das cegonhas e daquele olhar muito azul sempre a velar-me as brincadeiras: “Não corras, olha que cais!” e eu ria-me muito, feliz, e corria, corria, até cair mesmo e esfolar um joelho. E depois, aflita, ia ter com ela, com os olhos rasos de lágrimas. E ela tratava-me o arranhão e aconchegava-me ao seu colo enquanto me afagava os cabelos e me sossegava: “Pronto, já passou!”.
Tenho saudades da minha avó quando chove, do cheiro a terra molhada que se misturava com o cheiro do pão, quentinho, acabado de sair do forno a lenha. E da lareira? Ai, meu Deus, que saudades daquela lareira, sempre acesa. “Anda para dentro que está a chover!”, chamava ela.
Tenho saudades da minha avó, à noite, quando me lembro de a sentir aproximar-se da minha cama a fingir que ia aconchegar-me a roupa, só para se certificar que eu respirava.
Hoje em dia, tenho que aprender a controlar a velocidade das minhas correrias, a levantar-me sozinha quando caio e a ficar à chuva porque a voz da minha avó calou-se e já ninguém me chama para ir para dentro…
E é então que, às vezes, quando me canso de ser adulta e deixo de sentir as feridas, as lágrimas e a chuva, é aí que sinto as saudades. As saudades da minha avó!! Daquela minha avó muito especial. A outra, eu gostava dela, mas morava longe.
Tenho saudades da minha avó quando está sol, do cheiro a Primavera d´Ois, do canto das cegonhas e daquele olhar muito azul sempre a velar-me as brincadeiras: “Não corras, olha que cais!” e eu ria-me muito, feliz, e corria, corria, até cair mesmo e esfolar um joelho. E depois, aflita, ia ter com ela, com os olhos rasos de lágrimas. E ela tratava-me o arranhão e aconchegava-me ao seu colo enquanto me afagava os cabelos e me sossegava: “Pronto, já passou!”.
Tenho saudades da minha avó quando chove, do cheiro a terra molhada que se misturava com o cheiro do pão, quentinho, acabado de sair do forno a lenha. E da lareira? Ai, meu Deus, que saudades daquela lareira, sempre acesa. “Anda para dentro que está a chover!”, chamava ela.
Tenho saudades da minha avó, à noite, quando me lembro de a sentir aproximar-se da minha cama a fingir que ia aconchegar-me a roupa, só para se certificar que eu respirava.
Hoje em dia, tenho que aprender a controlar a velocidade das minhas correrias, a levantar-me sozinha quando caio e a ficar à chuva porque a voz da minha avó calou-se e já ninguém me chama para ir para dentro…
E é então que, às vezes, quando me canso de ser adulta e deixo de sentir as feridas, as lágrimas e a chuva, é aí que sinto as saudades. As saudades da minha avó!! Daquela minha avó muito especial. A outra, eu gostava dela, mas morava longe.
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