Caminhei este último fim de semana ao lado da anorexia.
Tinha 19 anos quando li "Do outro lado do espelho", de Marya Hornbacher (que recomendo vivamente a quem queira conhecer a fundo distúrbios alimentares como a anorexia e a bulímia), mas a verdade é que nunca tinha visto a doença de perto.
Tinha 19 anos quando li "Do outro lado do espelho", de Marya Hornbacher (que recomendo vivamente a quem queira conhecer a fundo distúrbios alimentares como a anorexia e a bulímia), mas a verdade é que nunca tinha visto a doença de perto.
O que vi foi a magreza extrema, os ossos demasiado salientes cobertos de músculo muito (mesmo muito) magro, as veias salientes demais por não terem onde se enterrar, as olheiras fundas, o olhar encovado, a mania (do controlo) na expressão da anoréctica, que fazia jogging à beira-mar sem tirar os olhos do telemóvel, para controlar rigorosamente os minutos e segundos de exercício físico, o ar demasiado nervoso e uma ansiedade mais que notória .
Abalou-me profundamente ver assim tudo aquilo que já conhecia em papel e que os meus olhos não esperavam observar. Num local repleto de praticantes de exercício físico e de turistas era inevitável que as pessoas não olhassem e, embora fossem discretas, notava-se perfeitamente os que a viam pela primeira vez: vi casais em que um dizia algo após o qual o outro acenava afirmativamente. Pareceu-me ouvir dizer cada um deles: "É anoréctica não é?".
Abalou-me profundamente ver assim tudo aquilo que já conhecia em papel e que os meus olhos não esperavam observar. Num local repleto de praticantes de exercício físico e de turistas era inevitável que as pessoas não olhassem e, embora fossem discretas, notava-se perfeitamente os que a viam pela primeira vez: vi casais em que um dizia algo após o qual o outro acenava afirmativamente. Pareceu-me ouvir dizer cada um deles: "É anoréctica não é?".
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