11 março 2011

||| A COMIDA DE AGORA JÁ NÃO É COMO A DE ANTIGAMENTE


Mal me lembro da matança do porco no pátio dos meus avós e menos ainda na dos meus pais. Fugia sempre, com o medo provocado pelo grunhir dos porcos a morrer. E eu morria de medo. Mas, sabe-se lá porquê, tenho ideia precisa de ver os meus avós a desmanchar o animal e a pô-lo na caixa salgadeira - pois não tinham frigoríficos e achavam que estes estragavam a carne. Hoje, concordo que não se enganavam.
Do que me lembro bem é da altura da páscoa, quando se faziam pãos de ló na cozinha do forno. E de eu estar a bater as gemas e as claras dos ovos. E havia as formas em que os bolos iam ao forno. Depois, arrumavam-se num armário com rede mosquiteira, a que nós só chegávamos se nos pusessemos em cima de um banco.
Já imaginaram como eram as cozinhas sem frigoríficos? Os produtos frescos eram buscados diariamente na horta ou no quintal, as carnes conservavam-se em sal e as comidas eram saborosos. Tudo sabia melhor.
Agora os continentes e os pingos doces, os lidls, os recheios e os mini-preços estragaram os paladares todos. Nunca mais comi um pão de ló como aqueles que eram feitos com as batedeiras e iam ao forno em formas lambuzadas de manteiga.

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