21 março 2011

||| OS VENDEDORES DA BANHA DA COBRA...


Se há coisas que recordo da minha adolescência é dos vendedores da banha da cobra, principalmente na feira de Águeda - por onde muitas vezes me deixei perder horas a ver a habilidades daqueles senhores para convencer o pessoal a comprar as coisas mais disparatas.
Eram sempre uns senhores com um microfone pendurado no pescoço e tapado com um lenço, de voz roufenha e muito  repetitivos, sempre com uma pomadinha miraculosa qualquer que a tudo acudia: aos cravos e às dores dos calos, à taquicardia, aos entupimentos intestinais. Ou uma bebida que nos tirava o catarro do tabaco, as dores de barriga e as lombrigas!! Ai as lombrigas!

A gente ria-se com aqueles senhores e, invariavelmente, comprava alguma coisa, na esperança de que servisse para remediar qualquer doença. Não sei porquê, nas desapareceram do mapa, pelo que ontem foi grande a minha admiração quando, numa aldeia do norte, encontrei um desses tipos. E a vender, a vender sabem o quê. Olhem, uma pomada para os calos e os joanetes.
Comprei.
Comprei mas, sei lá porquê, vim com a estranha sensação que tinha ouvido o homem mas mais como político que como vendedor da banha da cobra. Vá lá saber-se porquê! 

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