03 março 2011

||| JOVENS A MASCAR PASTILHAS, SEM PROTESTAR O SEU FUTURO



A minha idade não deu para conhecer ao vivo as chamadas músicas de intervenção e mal me lembro de uma noite no salão do Pôr do Sol, era eu gente bem pequena, onde ouvi uns cantores que seriam da dita, mas ainda agora quis certificar-me disso e a minha mãe, em cujo colo tenho a ideia de ter adormecido, não se lembra de nada.
Se calhar, não foi mesmo nada.
Agora, está na moda ouvir os Deolinda, que cantarão uma música das tais de intervenção. Assim ouvi dizer. Acontece que, com os meus ouvidos de agora ouvir e a minha actual cabecinha para pensar, a letra não é nada de revolucionária, mas antes e apenas uma fadinho chorado, só que estilizado e mangão.
Na verdade, as letras de agora (salvo honrosas excepções) não passam de coisas mal arrimadas e descontextualizadas. Na minha opinião, e não é só na minha, os dramas sociais não estão nas letras, estão na rua, nas casas dos mais desprotegidos, no desemprego que aumenta, nos baixos salários e nos salários em atraso, nos recibos verdes e nos estágios não remunerados e noutros pequenos e grande dramas da sociedade.
O que a letra dos Deolinda vem contar é uma fita enorme, para vender CD´s e chupar a malta desempregada e sem dinheiro - e que estranhamente se delicia a ouvir estas charopadas, enquanto mascam a pastilha elástica sem serem capazes de protestar contra o futuro que lhe estão a dar.

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