Hoje, ia atropelando uma senhora, numa passadeira. Ainda estou a tremer e já lá vão uns bons pares de horas!
O caso deu-me para reflectir de como, num país civilizado, as passadeiras servem para indicar aos automobilistas e aos peões onde uns devem parar para os outros puderem atravessar a rua. Só que em Portugal isso não acontece, facto que nos torna num dos países europeus com mais mortes por atropelamento nas passadeiras (e fora delas).
Na verdade, a passadeira em Portugal tem, para a maioria dos peões, um carácter místico a roçar o sobrenatural inconsequente. A passadeira está para nós como a folha de coca estava para as tribos astecas: torna-nos invencíveis. No momento em que põe o pé numa passadeira, qualquer taco de pia enfezado se torna num hulk mal humorado, pronto a dilacerar o camião de oito rodados que o impeça de desempenhar a hercúlea tarefa de atravessar a rua.
Não adianta explicar aos peões portugueses que não há nenhum dispositivo mágico e inexpugnável que se ergue entre eles e os automóveis a partir do momento em que eles pisam naquelas faixas brancas.
Não adianta explicar aos peões portugueses que a passadeira é um compromisso tácito entre eles e os automobilistas. Isto porque os peões se recusam a assumir qualquer compromisso com as bestas condutoras. Afinal de contas, a maioria dos peões portugueses são também eles condutores, e sabem o que a casa gasta quando estão atrás do volante. Por isso mesmo não há compromissos possíveis. A passadeira é deles e os automobilistas que se lixem! Por isso, de vez em quando, encastram os maxilares num capot alheio.
Na verdade, a passadeira em Portugal tem, para a maioria dos peões, um carácter místico a roçar o sobrenatural inconsequente. A passadeira está para nós como a folha de coca estava para as tribos astecas: torna-nos invencíveis. No momento em que põe o pé numa passadeira, qualquer taco de pia enfezado se torna num hulk mal humorado, pronto a dilacerar o camião de oito rodados que o impeça de desempenhar a hercúlea tarefa de atravessar a rua.
Não adianta explicar aos peões portugueses que não há nenhum dispositivo mágico e inexpugnável que se ergue entre eles e os automóveis a partir do momento em que eles pisam naquelas faixas brancas.
Não adianta explicar aos peões portugueses que a passadeira é um compromisso tácito entre eles e os automobilistas. Isto porque os peões se recusam a assumir qualquer compromisso com as bestas condutoras. Afinal de contas, a maioria dos peões portugueses são também eles condutores, e sabem o que a casa gasta quando estão atrás do volante. Por isso mesmo não há compromissos possíveis. A passadeira é deles e os automobilistas que se lixem! Por isso, de vez em quando, encastram os maxilares num capot alheio.
Foi o que eu ia provocamdo, sem querer.
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