30 abril 2008

||| TRISTE FADO!!!


A maioria dos portugueses não liga patavina ao fado, mas Portugal é conhecido no estrangeiro por ser o país do fado e por outras coisas pouco dignificantes que não vem ao caso agora falar.
Nós somos de Óis e se pensarmos que a música é uma das mais espontâneas e genuínas formas de expressão de um povo, percebemos a razão porque os portugueses - e os ribeirenses - são quase sempre uns deprimidos, resignados a um destino a que não podem escapar, o que os torna ainda mais desgraçados.
A palavra fado faz aliás parte do nosso vocabulário diário, ditando inexoravelmente todo o nosso futuro. É como se já soubéssemos o fim de um filme série b antes do primeiro intervalo, e mesmo assim fizéssemos questão de levar com ele.
A culpa é das companhias farmacêuticas, digo-vos eu! Algures na nossa história fomos vítimas de um complot maquiavélico das companhias farmacêuticas que se juntaram para criar um mercado-piloto para o lançamento de medicamentos anti-depressivos e ansiolíticos. E assim inventaram o fado. A coisa resultou, ou não sejam os portugueses o povo que per capita mais consome anti-depressivos neste pequeno, mas agitadinho, planeta. Não é assim?!

29 abril 2008

||| O EXÉRCITO SILENCIOSO DOS DESEMPREGADOS...




A RTP1 de ontem mostrava o já irritável Prós&Contras da já irritante Campos Ferreira, com uma inenarrável discussão sobre as alterações às leis laborais. Eu fiquei a saber o mesmo.
Falavam por lá aqueles senhores doutores todos e, enquanto isso, cerca de 2000 trabalhadores de Águeda estão no desemprego. E não sei quantos deles são de Óis. E isto é que preocupa!
Lá no Prós&Contras ninguem falou deles, nem era de esperar que falassem. Aquilo é só para os srs. drs. e quando lá vai o povo, coitado, fala pelo coração e com as contas a pagar à porta e apanha com um processo disciplinar às costas. Estou a lembrar-me daquele trabalhador de uma cerâmica de Torres Novas (ou Vedras?)
Seria interessante que o Contras&Prós propusesse um debate para analizar os efeitos colaterais de o povo trabalhador falar das suas dificuldades, porque o ordenado é curto, ou o patrão não paga. Ou pura e simplesmente porque não tem trabalho, porque o patrão descapitalizou a empresa e matou o emprego.
Não me parece que isso vá acontecer pelo que, a ser assim, ou muito me engano ou vai continuar a aumentar o número de desempregados por delito de opinião e o exército do silêncio dos que não podem falar sem os seus salários no bolso!

28 abril 2008

||| OS AMIGOS DE SEMPRE!!!...

O fim de semana grande que ganhámos com o 25 de Abril foi passado com um casal de amigos. A Sandra e o Mike. Ela, tuga de raíz, minha amiga de escola, em juventude bem algazarrada, que mora em Londres há 12 anos; ele, inglês de gema e com um sentido de humor genial. Mesmo genialíssimo!
Passaram-se 12 anos e foram raras as vezes em que estivémos juntos, frente a frente, lado a lado, embora sempre trocando e-mails, postais (sim, isso ainda existe!) e fomos crescendo assim... à distância, mas perto.
Encontrámo-nos, recordámos as brincadeiras e aventuras e fizémos em alguns minutos uma sinopse rápida dos pormenores das nossas vidas que nos escaparam ao longo destes anos... porque os dias passam, as coisas acontecem e, às vezes, acabamos por partilhar mais coisas com quem está pertinho do que escrever tudo...
Passeámos, fomos sair um bocadinho à noite (sim, porque a idade já não perdoa...), andámos de bicicleta, falámos muito... Estava mesmo a precisar disto, deste banho de amizade verdadeira, porque sabemos que estamos aqui uns para os outros. E o mesmo sinto em relação a outras amigas, de quem sinto a falta, muita falta. Há alturas em que acho que vou perder os meus amigos de tantos anos por ter vindo viver para cá...
O silêncio de alguns dos meus melhores amigos ensurdece-me e faz-me sentir gente mais pequenina... Fico triste quando sei que não estou presente para os abraçar quando estão tristes, ou para festejar com eles quando estão felizes. Deixei de fazer parte do dia-a-dia dos meus amigos que deixei lá, mas espero que não se esqueçam de mim. Porque eu não me esqueço dos meus amigos, nunca... nunquinha mesmo! Os meus amigos sabem que é assim!!!

25 abril 2008

||| O 25 DE ABRIL DE 2008!!!


Li há alguns anos, por necessidades de estudo, algo do que foi o 5 de Outubro - o dia da implantação da República. Hoje, ao ouvir o Presidente Cavaco Silva falar nas comemorações dos 34 anos do 25 de Abril, nem quis acreditar: os nossos jovens não sabem nada desta data histórica. Nem coisa que se pareça.
Na verdade, passados 34 anos desde o 25 de Abril de 1974 os jovens não sabem, mas também os portugueses não só ainda não se entenderam com esta data da história portuguesa, como não lhe deram a devida projecção, porque preferem considerá-la como o ponto de partida ou o fim dos seus projectos.
Uma boa parte da direita, em boa verdade, ainda não se recompôs da necessidade de ter ido a eleições de vez em quando e a esquerda persiste em considerar que o 25 de Abril é um momento indissociável do seu projecto político.
A esquerda que foi apanhada de surpresa pelos acontecimentos e tem dificuldade em perceber que o 25 não foi o resultado de uma luta de décadas desta ou daquela organização política. A direita foi surpreendida e de repente achou que tudo poderia ter sido de outra forma, quando nada fez para que assim fosse.
Vivemos nisto e ninguém se entende. Quando amanhã vier, se vier, um 24 ou um 26 de Abril, ficará tudo na mesma. A malta não liga nada e está farta da política! E dos políticos carreiristas que ganham a vida à custa do 25de Abril. Nós conhecemo-los por aí, quais sangessugas!

24 abril 2008

||| IRONIAS DO TRATADO DE LISBOA...


A TV relatava ontem que o dito Tratado de Lisboa foi aprovado na Assembleia da República. Tratado de Lisboa ou de outro lado qualquer, já que 99,9% dos portugueses, tal como eu, não o leram, nem fazem ideia do que seja. Nem estão nadinha preocupados com ele.
A minha roda de amigos avisou-se que o tal Tratado é uma maldade para os portugueses porque a «perda de soberania» devia ser submetida a referendo. A ironia destas coisas, em vésperas do 25 de Abril, é que quem mais nos avisa sobre a «perda de soberania» são exactamente os herdeiros dos que, em 1968, exigiram (ou aplaudiram) a entrada dos tanques soviéticos nas ruas de Praga, espezinhando a soberania checoslovaca. Não é do meu tempo, mas é das minhas leituras!
Outra irionia da estória do tal Tratado de Lisboa, opu que quer que seja, tem a ver sobre quem nos avisa sobre a necessidade de referendar o «tratado» Pois bem são os mesmos que há pouco mais de um ano não queriam que se realizasse um referendo sobre a despenalização do aborto (depois da rejeição num primeiro referendo). Isto é mesmo irónico, em vésperas de Abril.
Há outros que nos avisam que, mesmo sem ser referendado, o «tratado» devia ter sido mais «discutido». Mas discutido por quêm? Se calhar por aquela habitual meia dúzia de «especialistas», em linguajar hermeticamente fechado, que vão manar postas de pescada ao Prós e Contras ou na SIC Notícias. Ficando se calhar melhor no Liga dos Últimos.
Afinal, em que ficamos. Em Abril, ou em Março? Ou em nenhures?

23 abril 2008

||| ONDE ESTAVA EU NO 25 DE ABRIL?!


Ainda não era oito horas da manhã quando soube do 25 de Abril. Espreguicei-me na cama, meio a dormir, fui espreirar à janela e vi a minha mãe, que fora ao pão, a falar com alto com outras mulheres, todas com ar de aflitas. Que havia uma revolução em Lisboa e que se calhar já não havia escola nesse dia.
Esta de não haver escola interessou-me bastante e, por isso mesmo, fiquei com toda a atenção ao assunto. Ir-me-ia desiludir!
A conversa era que Lisboa estava cheia de tropas, qu´iam prender o Marcelo Caetano e o Américo Tomaz, qu´ia acabar a guerra, blá, blá, blá..., mas o que verdadeiramente me interessava era aquela de não poder ir à escola. A ser assim, seria a primeira vez que isso acontecia, em toda a minha primária!!!
Nós tínhamos um rádio na cozinha, televisão não havia, e ligá-lo foi a primeira coisa que a minha mãe fez, assim entrou. Só dava marchas. E a minha mãe muito ansiosa, para trás e para frente, com ar de não saber o que fazer e sem nunca mais me dizer que eu não ia à escola. Disse-me só que me ia era levar lá, ora bolas!!! E foi, o que acontecia pela segunda vez na vida. A primeira, fora no primeiro dia! E tive escola na mesma!
Mais tarde, vim a saber o que era a revolução militar e a guerra colonial, de onde tinham vindo alguns conhecidos e familiares. Já mais jovem, aprendi o significado das canções "festivaleiras" que foram passwords (senhas...) do 25 de Abril. Mas o não ir à escola nesse dia teria sido a melhor prenda, naquela minha idade! Mas não foi!!

22 abril 2008

||| ESPANTALHOS DA VIDA!!!


Anda gente por aí que não tem vida própria, mas cumpre a sua função como se a tivessem. Fazem-se o que não são. São inanimados, mas animam-se. Não são párias, mas parem coisas de espantar! Fazem-nos ver que os campos têm vida, não por eles, mas apesar deles, que lá foram postos por quem com amor tratou aquelas terras.
Anda boa gente por aí!
Gente cristã, de boa formação, que reza antes de cada refeição e ergue as vozes a Deus pelos deuses e as glórias da amanhã.
Dizem-nos que por aí há muito boa gente. Há, sim senhor!
E também roupa a corar, do sujo lavado com lixívias. E roupa a secar pendurada nas cordas da vida! E espantalhos, que espantam! E nos espantam! Os espantalhos da vida!

21 abril 2008

||| DAR À CORDA!!!...




A televisão debita prós & contras" e dou comigo a pensar no número de coisas que desaparecem fisicamente do nosso quotidiano sem que nos apercebamos! São muitas!!
Coisas que tiveram um papel fundamental ao longo de gerações e que chegam a esta geração e perdem a sua utilidade universal, desaparecendo de fininho do nosso dia a dia, acabando por ter uma existência essencialmente linguística? Coisas que passam a existir no nosso dia a dia de uma forma abstracta porque ao longo dos séculos acabaram por fazer parte do nosso vocabulário, das nossas expressões, e que ganharam uma espécie de existência virtual para a maior parte de nós? Desse rol de coisas que vão desaparecendo aos poucos das nossas vidas temos a corda.
Já pensaram há quanto tempo não usam uma corda? Aposto que alguns de vocês nunca a usaram, pelo menos fisicamente. Nunca a usaram para aguentar as calças, à falta de cinto. Nunca a usaram para pendurar um gajo numa árvore mais próxima (método rápido de justiça em tempos passados). Talvez alguns de vós até tenham saltado à corda, mas a realidade é que a corda está em extinção – tirando algumas actividades (também elas em perigo de extinção) já ninguém liga nenhuma à corda. Foi implacavelmente substituída pelo cabo.
A corda, no entanto, continua semanticamente a fazer parte do nosso dia a dia. Aposto que a usam todos os dias sem reparar: quando dão corda à ruiva na paragem do autocarro, quando vos esticam a corda lá no emprego, quando por algum motivo vos roem a corda, quando vos dão aquelas desculpas «presas por cordas», quando dão corda aos sapatos e bazam, ou mesmo naqueles dias em que vocês estão com a corda toda.

20 abril 2008

||| A TUNA DE ÓIS DA RIBEIRA


Hoje, ao ligar o computador, fiquei a olhar para o ecran azulado que ganhou umas cores esquisitas, enquanto carregava o sistema operativo. O anti-virus informou-me que se estava a actualizar. Uma janelinha no canto do monitor indicava 15 mails por abrir. 15!!!
Fiquei curioso, pois isso não é normal isso acontecer e muito menos ao domingo! Abri o browser e entrei na página de edição do blog. Lembrei-me de ir ver as mensagens!!! Fui e de novo em surpreendi: 12 elas falavam da Tuna e do que aqui falámos há dias.
Nenhuma delas muito agradáveis, em relação ao que aqui foi dito! Criticando a forma como aludimos a Tuna. Que não éramos sérios a falar da Tuna. Bom, os 12 emails, é bom que o nosso blogueiro entenda, foram claramente concertados, combinados. Não percebi a ideia mas entendi-a. O problema do(s) autor(es) das mensagens é que que não parece(m) entender que a Tuna não é (só) dos sócios. É de Óis da Ribeira!
E não entendeu - ou não entenderam... - que o aqui aqui escrevemos foi em louvor da Tuna. Aliás, de forma despretensiosa. Esta gente que anda a navegar na cultura, devia ser culta. Mas alguns não são.
Felicidades para a Tuna. As maiores felicidades do mundo!!!

19 abril 2008

||| BOMBA NO PSD!


As principais suspeitas da autoria do atentado bombista à liderança de Luis Filipe Menezes no PSD recaem sobre José Sócrates. Depois de a última semana ter sido dominada pela acusação do PSD de que Fernanda Câncio iria ganhar umas massas na RTP graças à influência de um suposto namoro com o primeiro-ministro, os agentes da PJ recordaram-se que Sócrates já tinha experiência em explosões e implosões, sendo dos poucos políticos portugueses com experiência em explosões deste tipo, como se viu em Tróia - aqui recordada na foto.
Agora espera a vinda para breve, também à sede do PSD, do cardeal José Saraiva Martins que no Vaticano é responsável pela Congregação para a Causa dos Santos. É que nesta sexta-feira Luís Filipe Menezes assegurou na SIC Notícias que só se recandidataria à liderança do PSD se Cristo viesse à terra. Aliás, é bem provável que o cardeal antecipe a sua visita pois na mesma entrevista Menezes assegurou que no ano passado tinha avisado que a crise do subprime vinha aí.
Um eventual milagre vai suscitar muita polémica pois depois de Santana Lopes se ter apresentado como um Jesus que quiseram matar na incubadora para mais tarde ser vítima de facadas que o encheram de chagas, há quem desconfie que Santana Lopes se disfarce de Jesus Cristo só para convencer Luís Filipe Menezes que conta com o apoio no Céu que não teve no inferno do PSD da Linha de Cascais e decidir-se a apresentar a sua candidatura. No país das aparições tudo pode acontecer, até já há quem esteja a acampar junto à igreja da Serra do Pilar, em Gaia, convencidos que de é ali que Jesus vai aparecer.

18 abril 2008

||| PENSAR A TUNA A NOSSA MANEIRA...


Recebi hoje um curioso recado, de uma ribeirense, sobre a forMa como ontem aqui falei da Tuna. Que finalmente alguém falava bem da Tuna. Felicitou-me e corrigiu-me, dizendo que contrariamente ao que eu digo, há muita gente que lhe presta atenção. à Tuna! Pois claro, se não a Tuna não tinha chegado onde chegou.
A nossa amiga mandou também umas bocas sobre o blogue, que já foi isto e aquilo e à vezes parece outra coisa. Aqui, tem alguma razão, temos procurado adaptar-nos os tempos. O blogue começou por ser uma espécie de terapia pessoal, em contraponto a outros blogues de Óis - mas até as terapias chegam ao fim.
Mais tarde, imaginei transformá-lo numa plataforma de intervenção, mas faltam-me a paciência e as convicções. Os ribeirenses merecem ser salvos, é verdade, mas eu não mereço perder muito tempo com o algum pechisbeque que por aí anda! E à distância não é fácil julgar o que se passa em Óis!
Também desisti de adoptar um tom confessional. Isto, porque quando aqui foram feitas duas ou três referências alegadamente mais pessoais, isso gerou pequenas tempestades entre o meu grupo de amigos. Assim, foi fácil perceber que este blog rapidamente chegaria ao fim. Aquilo que os divertia, aplicado aos outros, magoava-os se fossem incluidos no retábulo que desenhava para mim. Fomos mudando, sem perder a coluna!
Agora, vir criticar-me porque achou que eu estava a dizer bem da Tuna e que isso é uma surpresa, olhe lá, ó amiga, você não pensou bem no que disse. Mas está bem, você tem, uma costela da Tuna herdada de várias gerações!!! E viva a Tuna!

17 abril 2008

||| A TUNA DE ÓIS DA RIBEIRA


O encanto que tenho pelas bandas filarmónicas não o encontro somente na música que tocam, ou na forma garbosa ou mais descuidada com que as vejo a desfilar em arruadas ou procissões.
De criança, lembro a felicidade de ouvi-las a acompanhar a missa de festa, no tempo do padre Fonseca. E depois, no intervalo e antes da procissão, poder tocar com os dedos nos instrumentos guardados no salão da igreja, ou dar-lhes umas assopradelas, enquanto aquela senhora idosa de Casal de Álvaro nos vestia de anjinhos.
Vem isto a propósito da Tuna e do CD que esta tarde ouvi no carro - na espera da oficina, onde finalmente fui por causa do problema da tampa... Dei comigo a pensar que não era uma banda, era a tuna, mas uma agremiação de Óis da Ribeira que que não prestamos muita atenção. Pelo menos é o que se passa comigo.
Depois, no regresso a casa, fiquei a pensar noutra coisa: como as bandas, e a tuna, representam a associação perfeita entre o som e uma coreografia muito própria e que cria uma empatia enorme com aqueles que as observam e ouvem. Ficamos completamente absortos... são dois sentidos que são estimulados em simultâneo. Penso eu de que!!!

16 abril 2008

||| O DINHEIRO, A OFICINA, A ESCOLA E A EXCURSÃO...



Hoje saí do trabalho às 16.15. E percebi que há uma grande diferença entre trabalhar até às oito ou nove da noite todos os dias e viver. Estou calma como uma amiba, mas ansiosa por perceber aquele milagre de ontem, o da tampa do carro. Por isso, saí mais cedo!
Na ida para a oficina dei-me a pensar como o dinheiro nos falta asempre, por muito que ganhemos e poupemos ainda mais. Saímos às 16,15 não porque nos tenha apetecido, não porque tenhamos dito aos respectivos chefes, «olha, pá, hoje apetece-me ir-me embora e por isso adeus e um queijo, amanhã um gajo vê-se...".
Não. É pena, isso seria até digno de registo, seria coisinha para receber um louvor, mas não. A verdade é outra"
A verdade, na verdade de hoje, é que ia a caminho da oficina quando, da escola da cria mais velha, me lembraram de uma reunião. Para saber como vai a integração da criança, a adaptação ao primeiro ano (no meu tempo dizia-se primeira classe, mas enfim, é giro mudar as terminologias, que é para uma pessoa sentir que também teve um tempo e que esse tempo já lá vai), para saber se aprende ou se não distingue um "A" de um "L", ou um "L" de um "R".
A professora disse que sim, que a criatura aprende. Sim, que evolui. E que sim, que se porta mal. Fala muito, vira-se para trás, não se senta direito na cadeira, brinca muito nas aulas, faz disparates, diz parvoíces, ela ralha com ele várias vezes ao dia. Ficámos muito contentes. Temos uma criança em casa. Não um tecnocrata de sucesso.
O pior é que não cheguei a ir à oficina. E tive de pagar mais uma coisa lá na escola, para os miúdos irem num visita de estudo. No meu tempo, dizia-se excursão! E lá se foram mais umas notas pró galheiro!

15 abril 2008

||| O MUNDO É FEITO DE GENTE BOA!!!


A raça humana deu-me hoje alguma esperança: - há gente boa por aí e a gente não dá por ela. Mas há. Como o cavalheiro que hoje, na variante de Aveiro!
A verdade, verdadinha é que o surreal aconteceu. Assim: começaram a acender umas luzes do carro, a dizerem-me que precisava de óleo. Por sorte, ali mesmo ao lado, as bombas. Lata comprada (verifiquei que, afinal, era de plástico...) e toca a abrir o motor. Tirei a tampa do reservatório e como qualquer cristão faria pousei-a ao lado. Eis que um dos meus filhos bate a porta e a X$$$$%#$ da tampa caiu para dentro do motor. E nem vê-la. Abanei o carro, subi passeio, fiz marcha atrás, seguido de uma primeira e travagem brusca. Nada. Insultei-a mas ela, nada de aparecer.
Assistência em viagem, pensei eu. Pensei mal, pois ainda me acusaram de negligente e como tal a nada tinha direito a nenhuma ajuda.
Estava eu neste dilema quando um homem se aproximou, vendo o que se passava. Analisado o problema, o bom do senhor não esteve com meias medidas e atirou-se cheio de vontade para debaixo do carro, perante o meu olhar atónito e a admiração da filha e da mulher, que o incentivavam na operação.
Desmontou uma placa qualquer com uma simples moeda de 50 cêntimos e toca a retirar a malvadada tampa. Simples. E no meio da operação, comigo a corar de espanto e agradecimento, apenas fiquei a saber que a filha se chamava Catarina, que o cavalheiro era engenheiro mecânico e era de Castelo Branco. Nem um café aceitou de troco e lá foi ele à vida dele. E eu à minha, a pensar como o mundo, afinal, é feito de gente boa!

14 abril 2008

||| O ACORDO DA MINSITRA COM OS SINDICATOS!!!


O que é que os professores e estudantes de Óis pensarão do Ensino, que está mau, não era bom, era o que era e era preciso restruturá-lo. A ministra e o governo prometeram medidas, tentaram ... e desistiram. O governo de Sócrates, em boa, boa verdade, anda a desistir de muitas coisas e a anunciar outras tantas, cada vez mais!
O corporativismo dos professores enquadrado por um sindicato arcaico fizeram pressões nunca vistas neste país, para manter o status-quo das últimas três décadas. Esta é uam vedade. Sócrates pensou nas eleições de 2009 e nos votos que perderia. E recuou!!! Olha, o tanas, se não recuasse. E deu ordem à ministra para ceder. Já tinha feito o mesmo na Saúde. E só não precisou de o fazer na Justiça, porque as medidas nem foram tentadas.
Temos agora uma espécie de avaliação minimalista só para os contratados, e igual em todas as escolas. Os resultados menos bons não acarretam qualquer consequência para os avaliados. Exactamente como era imposto pelos sindicatos. Não admira que cantem vitória.
Quanto à qualidade do Ensino, ficou na mesma como a lesma. Esta não eram as medidas ideais que muitos preconizavam, mas já seria um primeiro passo.
Ideal seria dar uma forte autonomia às escolas públicas, depois de criarem estruturas hierárquicas de responsabilidade. As escolas ficariam com o poder de gerir o seu corpo docente, admitindo ou passando ao quadro de disponíveis sempre que fosse conveniente. Estas escolas eram avaliadas no seu conjunto, pelos resultados conseguidos e pela satisfação junto dos alunos e pais. A escolha das escolas deveria ser livre e estas seriam subsídiadas pelo cheque-ensino de cada aluno. Estas escolas estariam no mercado do ensino em concorrência entre si e com as escolas privadas.
Quadro docente de escola bem avaliada seria compensado; quadro docente de escola mal avaliada seria penalizado ou substituído. É assim também nas escolas privadas, onde o mau desempenho redunda em falência.

13 abril 2008

||| SAUDADES DO ESCUDO!!!...


Agora que o euro não chega até ao fim do mês, não será surpresa que todos tenhamos saudades do escudo.
E saudades de quando não havia jacintos na pateira, as empresas têxteis estavam em dificuldades e graças às desvalorizações até com os chineses eram capazes de concorrer. Saudades do tempo em que a inflação tinha dois dígitos e o primeiro era o dois. E aguentávamo-nos!!! De quando não havia problemas orçamentais, nunca faltava dinheiro ao Estado, o único problemazito era a balança comercial.
Era um tempo simpático, se a coisa dava para o torto na balança comercial, acordávamos uma desvalorização, coisa que nem ocupava o tempo do café em discussão, a indústria passava logo a ser competitiva e o nosso dinheiro, mesmo desvalorizado, ainda valia mais do que o dólar. E ninguém se queixava dos impostos, não havia evasão fiscal nem devedores ao fisco em listas na Internet. Nem havia internet, só inventada muito mais tarde graças ao Simplex.
Com a inflação nos dois dígitos e idem nos aumentos, apertávamos o cinto mas tínhamos a sensação de nadar em dinheiro. Andávamos felizes, se os trabalhadores faziam greves era mais a pensar na revolução do que na devolução do que tinham perdido, os sindicatos iam de vitória em vitória. Era tempos impressionantes e impressivos!
Agora é uma seca, para as empresas ganharem produtividade temos que apertar o cinto, se não pagam impostos temos que apertar o cinto, se o Estado gasta em excesso temos que apertar o cinto.
A política económica já não tem graça, não passa da escolha adequada do buraco do cinto mais adequado às circunstâncias. Até as notas de escudo eram mais simpáticas, das mais bonitas do mundo e nem se desfaziam como os euros da Alemanha. Tenho saudades do escudo, era cada vez mais pobre mas ao menos empobrecia feliz e sem dar por isso.

11 abril 2008

||| ESTUDANTES LICENCIADOS E DESEMPREGADOS, A CIGARRA E A FORMIGA!!!


Já lá vai o tempo em que os pais tentavam persuadir os filhos de que era importante estudar, dizendo-lhes que se estudassem, no futuro iriam ter um bom emprego e ganhar muito dinheiro.
os jovens, com alguma facilidade, compreendiam que se tratava de um argumento sólido e eficaz. Hoje em dia não é assim. Os jovens sabem que muitos alunos que estudam, ainda que sendo brilhantes, terminarão no desemprego. Alguns, encontram um trabalho de baixa qualificação, para o qual não teria sido necessário tanto esforço intelectual. Ambas situações são ainda o resultado de uma interminável espera. Sabem também, que muitos dos que procuram trabalho abandonando os estudos, ou que se dedicam a negócios prematuros, mais ou menos legais, enriquecem rapidamente e com eficácia. Entretanto, aqueles que continuam a estudar, continuam usufruindo do rendimento familiar e pedindo dinheiro aos pais o dinheiro. Os outros dispõem do dinheiro necessário para os transformar em pessoas autónomas e auto-suficientes. O que os jovens de hoje aprendem rapidamente é que há formas fáceis e rápidas de conseguir dinheiro e que o estudo paciente e prolongado nem sempre conduz a um trabalho satisfatório e bem remunerado.
Ou seja, aprendem que têm de estudar com o objectivo único de saber e não é fácil descobrir o prazer da aprendizagem, quando o que se estuda não tem qualquer interesse ou se aprende em estruturas asfixiantes. Podemos concluir que a fábula de La Fontaine "A Cigarra e a Formiga", perdeu actualidade. Hoje, provavelmente, a formiga não consideraria que o trabalho constante é uma forma de assegurar o futuro.

10 abril 2008

||| ORDENADO MÍNIMO NACIONAL CADA VEZ MAIS CURTO QUE O MÊS...


Os salários estão cada vez mais curtos que o mês... Não sei de quem é a culpa, se da esquerda, se da direita... ou do centro, de todos ou de ninguém.
Por outro lado, há muito que deixei de me preocupar com os rótulos de esquerda ou de direita. Independentemente deles, entendo que a melhor política é defender os direitos humanos, a igualdade de oportunidades, o acesso ao ensino, o direito aos cuidados de saúde, o direito à justiça, o dever dos impostos, a compensação dos descontos para a Segurança Social, o direito ao trabalho e à justa remuneração, o combate à pobreza e à exclusão.
Isto para além de quaisquer conceitos ideológicos e filosóficos da fraternidade e da solidariedade. A liberdade, considero-a uma conquista de todos os dias. Nesta minha visão a poderá estar contido na justa remuneração salário mínimo o como parâmetro de cálculo mas, para isso, há que o expurgar dos apêndices que o parasitam para que não possam ser assacados entendimentos oportunistas.
Óis da Ribeira é terra de cultura geral mediana, diria mesmo que é média/baixa... Logo, os ordenados de cada ribeirense não devem ser grandes. Como sobrevirão os de mais modesta condição financeira neste tempo de consumismo louco, tempo em que nem o próprio Estado cumpre a sua obrigação social e constitucional?! Vai continuar-nos subsídio-dependentes?

09 abril 2008

||| AS DEPENDÊNCIAS E AS PIRISCAS DA VIDA!!!...


Hoje por hoje, como ontem e anteontem, falar de vícios ou de quaisquer dependências, é tal e qual como fazer chover no molhado. E lembremo-nos da chuva de hoje!!
Realmente, quando se fica adicto de qualquer substância, o corpo exige-nos mais do que a nossa própria vontade. Só o tratamento médico, uma alimentação saudável e a adopção de uma postura mais harmoniosa com a existência, pode levar à superação da dependência e da dor.
Os fumadores são inimigos figadais do Serviço Nacional de Saúde, no qual o Estado português utiliza grande parte dos dinheiros públicos; precisamos de ter uma população mais saudável, e, para isso, era bom que erradicassemos parte das doenças contraídas pelo tabaco e que pesam imenso nos gastos médicos, medicamentosos e de internamento nos nossos hospitais, a cargo e por conta do SNS.
Todos sabem, mas não dizem, que os malefícios do tabaco, começarem por ser apontados nos States, onde fumar é quase um pecado... Sabem, mas não dizem, que a OMS recomenda a luta contra o tabagismo. Sabem, mas não admitem, que a União Europeia pretende acabar com o tabagismo, porque é um perigo para a saúde pública, para os fumadores e para os fumadores passivos... E cá por Óis?

A gente vê por aí essa malta nova a «passar-se» com a dependência e cá por nós, ficamos preocupados!!!

08 abril 2008

||| PAGAR OS ASSALTOS DE AGORA!...


As notícias de assaltos nem sempre chegam depressa! Nem todas são publicadas em jornais e muito menos nas televisões. Soubenos agora de um, a uma casa de Óis da Ribeira e do perdão do dono da casa ao... assaltante! Cada um faz o que quer!!!

Isto faz-nos lembrar de como os bons e velhos tempos da segurança de porta aberta, sem trancas e enquanto se ia ao aido, ou ao campo... já lá vão!!!
Em verdade, verdade aqui lembramos quão distantes já vão os tempos em que se deixava o trinco no ferrolho e se saía de casa com a certeza de que não seria assaltada. Nem desaparecia o pão da gaveta, o dinheiro do colchão ou o ouro escondido no gavetão da roupa!
Ao tempo desse tempo, em verdade, verdade aqui lembro eu, todos confiavam uns nos outros!!! Eram primos e primas... como dizia a canção. E primo não rouba a primo!!!
As coisas, todavia, mudaram... É a factura que se tem que pagar. Quer dizer, temos de pagar todos.... e não esperar grande coisa da lei, que solta os ladrões logo a seguir!!!

07 abril 2008

||| REMOER A VIDA!!!


Uma conversa ouvida em fim de missa levou-me a lembrar a tanta e quanta boa gente, mesmo muito gente... que passa por aí a vida a remoer, sobre tudo e sobre nada.
Até sobre eles próprios!!!
Ou sobre o vizinho, a filha ou a namorada do vizinho, os calotes na loja, as dívidas ao banco, os pecados e os pecadilhos de terceiros, qual cartilha de mal-dizer do... outro. Sempre mal do outro.
Raramente olham o espelho, na colagem do rimel ou do baton, ou no desfazer da barba de manhã. Os que a ainda a fazem. Ou desfasem! Olham sempre a correr... Porquê? Porquê isto, Olhem, eu sei lá!!!

05 abril 2008

||| A ESCOLA, A PROFESSORA E A ALUNA DO TELEMÓVEL!!...



A enésima transmissão do vídeo “Dá-me! Senta-te...” entre uma professora e uma aluna da Carolina Michaelis já causa náuseas. Curiosamente, aconteceu-me precisamente o contrário, pois concluí que não preciso recorrer aos préstimos de uma oftalmologista nos próximos tempos: vi na enésima vez o que vi na primeira: uma aluna a tentar recuperar um bem pessoal. Em momento algum vi um insulto ou agressão. JUma professora sem autoridade, na sala!
A professora até pode falar Francês e tocar piano, mas não percebe nada de contas (requisito obrigatório para quem quer se candidatar a Primeiro-Ministro). Caso contrário teria calculado a sua massa corporal e em comparação com a da sua adversária chegava à sensata ideia de chamar um contínuo.
Os azémolas do costume, no seu habitual estado apopléctico, levaram o caso a um termo de comparação com uma obra de Stephen King. A rapariga é um demónio. O terror. Ai que horror. Resultado da pressão: a miúda foi transferida de escola. E com ela a sua suposta falta de educação. Se ela enfardar outro professor na sua nova arena, perdão, escola, não há problema. Muda de escola outra vez. E no Porto não faltam escolas, não é?!
Só espero que na nova escola a miúda tenha um colega de turma com vocação para realizador como o outro (nem Wim Wenders filmou Lisboa assim. Que intimidade. Que realismo.). E já agora, que escolha outro professor que não de Línguas.
Um de Educação Física, por exemplo. Dão mais luta. E aí, sim, veremos um vídeo em que um professor é agredido. Vê lá isso, moça. Pelo menos uma vez na vida gostava de defender a classe docente. Só para ver qual é a sensação.
Isto é uma ironia minha, mas a coisa é séria!

04 abril 2008

||| A GENTE OLHA, VÊ, LÊ E FICA ABISMADO!!!


O Hospital do Barreiro contratou um oftalmologista espanhol, de seu nome José António Lillo Bravo, que, em seis dias, actualizou a lista de espera neste tipo de cirurgias.
Já operou em Elvas, onde fez 1500 operações e, segundo li, por processos bem mais modernos que os usados por cá. No hospital do Barreiro há sete especialistas que, durante o ano de 2007, realizaram apenas um total de 359 operações, ou seja 50 operações por médico e por ano quando Lillo Bravo em apenas 6 dias fez 234.
É obra e coloca a questão de não se perceber porque razão as listas de espera são tão avantajadas, com os graves prejuízos para os doentes, quando há soluções como esta ou ainda as idas a Cuba com a mesma finalidade que a Câmara Municipal de Vila Real de Santo António anda a promover.
Uma segunda questão, este médico espanhol facturou 900 euros por operação, quando em Portugal o custo em clínica parece ser de 2000 euros.
Médico espanhol fez 234 cirurgias em seis dias
Admitindo que esta informação é correcta, será que dá para entender que Pedro Nunes, bastonário da Ordem diga que "é ridículo pagar a espanhóis"?
Se há esta diferença de custos, cada qual que se interrogue ...
Esta situação merece uma discussão alargada e uma tomada de medidas urgentes. Quem pode condenar o Hospital do Barreiro e o de Elvas e a Câmara de Vila Real se estão a contribuir para que a praga das listas de espera seja amenizada?
As listas de espera são um escândalo nacional e tudo por mau desempenho do sistema. É um problema que se arrasta há anos e que tem deitado abaixo os Ministros da Saúde. Não percebo porquê!

03 abril 2008

||| REMEDIADOS E DESENRASCADOS!!!


Uma das mais evidentes características da cultura nacional - e da ribeirense, porque não dizer?!... - a par da inveja, é sermos um povo remediado.
Não estamos a falar ou a confundir com o português desenrascado - desenrascar é arranjar uma solução que resolve perfeitamente um problema para o qual não estávamos apetrechados para resolver.
Remediar é arranjar uma solução que sabemos ser precária para resolver um dado problema.
Os portugueses falam muito na arte do desenrascanço, chamando a si a sua paternidade, mas na realidade os brasileiros é que são os desenrascados, nós somos apenas uns gajos remediados. O remediado é um enrascado a tentar safar-se o melhor que puder, com a certeza inicial de que tudo o que consiga obter será sempre insatisfatório. Na boa tradição nacional os portugueses preparam-se paulatinamente para remediar um governo para este país.
O governo será formado por uns fulanos remediados que tentarão, mais uma vez, remediar o país com a certeza que por mais que façam, o resultado final será sempre uma merda. Que se lixe, daqui a quatro anos cá estarão outros para remediar o que os próximos fizerem. Entretanto, vamo-nos remediando com o que temos.

02 abril 2008

||| LIVROS NOS SUPERMERCADOS, NÃO GOSTO!!!


Hoje foi dia de ir à Feira de Março com a ganapada e, por apendice, ao Glicínias, para comprar coisas várias para necessidades várias do dia-a-dia da casa.
Passei pelo corredor dos livros e decidi ir à procura de um dos meus novos autores favoritos. Vi Gonçalo M. Tavares na prateleira, peguei-lhe com cuidado, e pu-lo no carrinho. Depois, aproveitei o balanço e pus também Philip Roth e o seu Património. Foi a primeira vez que comprei livros no Glicínias. Chamem-lhe preconceito ou lá o que é, mas nunca me dá vontade de comprar livros num hipermercado. Perco a disposição! Acho bem que lá estejam. Só não consigo comprá-los. Alguma vez tinha de ser a primeira. Foi esta.
Em frente estavam os corredores dos detergentes. Muitos. Para o chão, para a roupa, para a loiça. Para tirar nódoas, para evitar a mistura de cores dentro da máquina de lavar, para desencrostar o forno. Precisava de detergentes para o chão e de um amaciador para a roupa. Dirigi-me às prateleiras, peguei-lhes e avancei. Foi então que olhei para o conteúdo do meu carrinho. Gonçalo M. Tavares, Philip Roth e... Sonasol, Ajax e Sim.
Sim, é esquisito. Muito esquisito. Livros e detergentes? É por causa desta promiscuidade que não gosto de comprar livros em hipermercados. Entenderam?!

01 abril 2008

||| A VIZINHA DO LADO!!!...


Hoje é o dia das mentiras, mas eu vou falar de verdade. Aqui os meus vizinhos chegaram a casa, não sei porquê. Chegaram tarde e estão para ali a armar um banzé danado. Ouço-os a mexer nas panelas e nos tachos e a falar com a voz zangada. O que, entre eles, é coisa quase normal.
Azar meu é que a cozinha deles é pegada aqui a este sítio que faço de meu escritório, mas com estas paredes tão finas, às vezes parece que estão aqui mesmo ao meu lado. Discutem muito, falam alto e forte e nessas alturas fico muito quietinha para que não me ouçam e discutam à vontade. Às vezes. pardece-me ouvi-la a chorar e sussurro por aqui baixinho algumas palavras de consolo, como se não quisesse matar a esperança de que atravessem as paredes e a abracem e a façam sentir menos triste.
Outro dia cruzámo-nos no elevador e apresentámo-nos. É uma mulher bonita, jovem. Ele parece-me um pouco mais velho, já com algum cabelo grisalho!Tentei ler nos olhos dela porque é que ela continua com uma relação que a faz chorar e discutir tanto, mas nada vi, parecia estar bem disposta nesse dia. O que não me pareceu normal!
Não sei se me lêm, ma se lerem ganhem este meu recado: entre um bom dia e se precisarem de alguma coisa, olhem, disponham!