Lembrei-me hoje do que me aconteceu no 6.º ano, em Estudos Sociais, hoje Estudo do Meio. Fazíamos muitos trabalhos de grupo e como nos anos 80 não havia computadores e fotocopiadoras, a professora trazia vários tabuleiros de gelatina, onde carimbávamos o texto e depois era só imprimir! Era uma alegria!
Às vezes havia zaragata, porque alguém não resistia à tentação de meter o dedo na gelatina e estragava o texto. Isso explicava alguns espaços em branco que depois preenchíamos a caneta. Uma vez estive no meio de uma dessas brigas e levei uma estalada do Carlos. Não por ter furado a gelatina mas por não querer dar-lhe um beijo.
O Carlos era um rufia de cabelo castanho, lisinho e eu não gostava dele. Era um chato. Nesse dia insistiu no beijo que não lhe dei e por isso bateu-me. Desatei a chorar e ele foi para a rua. Nunca mais nos falámos…
O ano acabou e o tempo passou.
Um dia, andava eu já no 10.º ano, um rapaz perguntou-me se me lembrava do Carlos. O Carlos, nesse dia, enviou-me um pedido de desculpa pela bofetada que me deu pelo beijo que não lhe dei. Se te tivesse reencontrado, Carlos, ter-te-ia dado o beijo.
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