31 outubro 2010

||| HOJE FIQUEI A GOSTAR MAIS DE ÓIS DA RIBEIRA


A ponte, segundo a canção, é uma passagem para a outra margem. E é, eu concordo. Mas é também uma «viagem» para a nossa criancice, a nossa adolescência e juventude.
Basta atravessar a ponte e a gente sente logo o cheiro do campo, dos medronhos, dos diospiros, da broa quente a sair do forno, da bôla com sardinha, das maçãs roubadas, até o cheiro da bosta das vacas nos faz saudades.
Descemos a ladeira de Cabanões e esses cheiros já se sentem, mesmo agora que, ao chegar aos nossos familiares, os encontramos na lareira, a partir nozes e a comer papas de abóbora menina, aconchegados na sua pacata pré-velhice e sem as permanentes angústias das nossas traiçoeiras e exigentes rotinas do trabalho.
Assim m´aconteceu hoje, com a surpresa de, mesmo com o mau tempo que se fazia, ver dois pescadores ao pé do sítio onde antigamente as mulheres lavavam a roupa. Não pescavam, olhavam!
Parei lá o carro, sem sair de dentro, e fiquei-me a espreitar o rio, que descia de água lurda, numa corrente já agitada mas ainda longe se subir as margens.
Descasquei um castanha crua e fiquei-me a olhar para os campos das Areias, já despegadas das palhas do milho.

Ontem, não sei bem porquê, fiquei a gostar mais de Óis da Ribeira. Não sei porquê? Sei, sei!

1 comentário:

Anónimo disse...

Deixemo-nos cá de nostalgias de bostas de vaca! Em Agosto do ano passado fui a uma aldeia de Vila Real visitar um familiar e tive uma surpresa: uma vaca, das irracionais, conseguiu deixar a sua (dela) marca em cima do farol do carro. Ainda temi que as outras, sete ou oito, tivessem o mesmo desabafo!
«Andámos nós centenas de quilómetros, de boa fé, para agora nos "coisarem" em cima», desafei eu para a minha cara-metade!
Foi aqui que eu percebi a força de uma expressão que se usa muito quando nos estamos nas tintas para alguém! Às vezes dizemos cada coisa!...